Caças da força aérea sul-africana sobrevoam a estátua de Nelson Mandela durante as comemorações em Pretória - Federico Scoppa/AFP
A África do Sul comemora neste domingo o 20º aniversário de suas primeiras eleições multirraciais, que colocaram fim ao regime do apartheid imposto pela minoria branca.
As felicitações do mundo inteiro, da rainha Elizabeth II da Inglaterra ao secretário americano de Estado, John Kerry, chegaram em memória daquele 27 de abril de 1994.
Diante de uma multidão alegre reunida em frente à sede do governo, o presidente Jacob Zuma lembrou "o sangue, o suor e as lágrimas" derramados para ganhar "o precioso direito de voto" e convocou seus compatriotas a votar novamente nas legislativas de 7 de maio.
"Votemos para consolidar a democracia e todos os êxitos de nossa jovem nação", disse Zuma, em campanha por um segundo mandato que possivelmente ganhará, dada a hegemonia de seu partido, o Conselho Nacional Africano (ANC, em inglês).
Zuma também prestou a homenagem não apenas ao ANC, mas a todos aqueles que lutaram contra o apartheid, dos jornalistas, artistas e atletas que desafiaram a censura até os apoiadores de países africanos vizinhos.
Memória — Coroando negociações muito difíceis entre o ANC de Nelson Manela e as autoridades do apartheid, as eleições de 1994 permitiram à África do Sul escapar do caos e da guerra civil que na época pareciam se aproximar, e abriram o caminho para a elaboração de uma Constituição.
Duas imagens daquelas eleições de 1994 se tornaram icônicas. A primeira, das longas filas de eleitores que, com paciência, esperavam diante dos centros de votação.
A segunda, de um Mandela sorridente, com sua cédula de votação na mão. Quatro anos antes, ele havia deixado para trás 27 anos de encarceramento.
"Hoje é um dia como nunca houve", disse Mandela. "A votação em nossas primeiras eleições livres começou. É a alvorada da nossa liberdade." Apurados os votos, ele se tornou, aos 75 anos e com o apoio de parte da minoria branca, o primeiro presidente negro da história da África do Sul.
O arcebispo Desmond Tutu assim resumiu o sentimento nacional: "Incrível, é como quando ficamos apaixonados, ou como caminhar sobre as nuvens."
O tempo deu, em parte, razão aos otimistas. Antigo Estado pária, a África do Sul se afirmou no cenário internacional, seu PIB dobrou em 20 anos e a pobreza retrocedeu.
Mas a "vida melhor para todos" prometida por Mandela em 1994 ainda não chegou. A África do Sul continua sendo um dos países do mundo com maior desigualdade. Faltam empregos e há falhas profundas nos sistemas de educação, segurança e saúde pública.http://veja.abril.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário