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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mentes infantis destroçadas

Poucos crimes causaram tanta perplexidade no Brasil quanto o do menino Marcelo Pesseghini, de 13 anos, residente na capital paulista, que recentemente matou o pai, a mãe, a avó, a tia-avó, e depois se suicidou.

Por que fez ele isso? O Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo foi à busca de uma explicação e apresentou seu laudo, no qual aponta os mecanismos mentais e psicológicos que levaram o menino Marcelo a tornar-se um monstro.

Se essas causas psicológicas foram cavalgadas ou não por alguma forma de possessão diabólica, não é função de o IC pronunciar-se. A possibilidade fica de pé para ser considerada por algum exorcista. Mas interessa altamente conhecer as conclusões do IC para prevenir outros casos semelhantes que possam surgir.

Diz o laudo que o garoto “teve um surto psicótico quando matou os pais, a avó e a tia-avó” (“O Estado de São Paulo”, 7-9-13). A ênfase é colocada no “excesso de jogos violentos”.

“De acordo com a perita Vera Lúcia Lourenço, o estudante teve uma ‘alteração de pensamento’ e passou a acreditar que era um ‘matador de aluguel’, inspirado no jogo Assassin's Creed. ‘Todo o tempo que passava em jogos eletrônicos caracterizava uma fuga da realidade, limitando o contato social’".

Assassin's Creed é uma série de jogos eletrônicos centrada numa eterna batalha travada entre assassinos e templários ao longo da história.

“Seguindo a história do jogo, conforme depoimentos de colegas, Marcelo montou um grupo na escola chamado ‘Os Mercenários’ e convidou outros adolescentes a matar os pais. Esses pensamentos violentos seriam persistentes até que ele ‘confundiu fantasia e realidade’”.

“Marcelo, no momento do crime, passava por um ‘estreitamento de consciência’, que só terminou quando voltou da escola. ‘Quando se deparou com o ato cometido (os homicídios), entrou em estado de neurose e, não suportando a culpa, cometeu suicídio’, afirmou Vera Lúcia”.

Mesmo que o laudo do IC não conduza a uma certeza absoluta, não deixa de ser um forte indicativo de algo que – por inúmeras outras fontes se confirma – os jogos eletrônicos produzem perturbações psíquicas nas crianças e adolescentes, podendo chegar a consequências mentais e psicológicas dramáticas.

O caso do menino Pesseghini deve servir de alerta aos pais e educadores a respeito das desastrosas consequências dos jogos eletrônicos, noticiadas em escala universal. Vai longe o tempo em que meninas brincavam de boneca e meninos de carrinho, formando uma estrutura mental sadia e ordenada para enfrentar a vida.

O atual processo de destroçar as mentes infantis cria monstros.
(*) Gregório Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM 

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