A coluna de Ancelmo Gois, no fim de semana, mostrou que o Partido Novo, à direita do PSDB, conta com 360 mil curtidas na página do Facebook, e logo abaixo disse que eu apoio a iniciativa (fato). Foi o suficiente para a esquerdalhada sair da toca e partir para cima.
Como um dos fundadores do partido é conselheiro do Banco Itaú, um “jornalista” daqueles chapa-branca por aí deu a entender que é um partido de banqueiros. Alguém explica ao homem o que é ser conselheiro de uma empresa, por favor! A herdeira do Itaú apoia a esquerdista Marina Silva, detalhe…
Mas não era disso que eu queria falar, e sim de um grave equívoco ideológico que, infelizmente, pulula no Brasil. Já teve site colocando o partido como de “extrema-direita”. Se você é pela privatização, contra cotas raciais e condena o populismo do Bolsa Família, então só pode ser de “extrema-direita”, ora bolas!
Rótulos servem para simplificar, mas ao simplificar demais da conta, podem confundir mais que ajudar. Direita e esquerda são rótulos especialmente complicados. Mas o que quer dizer cada um? Se Stalin era extrema-esquerda e Hitler extrema-direita, isso quer dizer que eram opostos? E se Thatcher e Reagan eram de direita, então eles estavam mais perto de Hitler que este de Stalin?
O programa do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista (!!!) que levou Hitler ao poder deixa claro as similaridades com o socialismo. Defendia, por exemplo, a “obrigação do governo de prover aos cidadãos oportunidades adequadas de emprego e vida”. Alertava que “as atividades dos indivíduos não podem se chocar com os interesses da comunidade, devendo ficar limitadas e confinadas ao objetivo do bem geral”. Demandava o “fim do poder dos interesses financeiros”, assim como a “divisão dos lucros pelas grandes empresas”.
Também pregava uma “reforma agrária para que os pobres tivessem terra para plantar”. Combatia o “espírito materialista” e afirmava ser possível uma recuperação do povo “somente através da colocação do bem comum à frente do bem individual”. Em um discurso proferido no dia do trabalho em 1927, Hitler disse:
Como fica claro, ao menos para quem já leu alguma coisa de fato sobre o nazismo, ele se aproxima bem mais dos ideais da extrema-esquerda que do liberalismo. Vários esquerdistas apoiariam boa parte do programa nacional-socialista. Mussolini, outro que é visto como de extrema-direita, foi socialista antes. Comunismo, fascismo, socialismo e nazismo disputam o mesmo tipo de alma em busca de um totalitarismo antidemocrático, antiliberal e contra o indivíduo.
No Brasil, porém, onde há uma hegemonia de esquerda na política, até o PSDB, de centro-esquerda, é visto como “neoliberal” e de direita. Aí, quando aparece um partido com bandeiras mais liberalizantes, colocando ênfase maior no indivíduo que no estado, condenando o estado-empresário, as cotas que segregam a população com base na raça, e as esmolas do governo que compram votos, ele é logo tachado de “extrema-direita”. Seria cômico, não fosse trágico… http://veja.abril.com.br/blog/ rodrigo-constantino/ democracia/extrema-direita/
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