Texto: Maria José Gonçalves (Tia Nen)
Situando a historicidade humana,
percebemos que ser homem não é apenas uma questão biológica, existem diferentes
masculinidades que se constroem conforme a sua cultura, o seu meio social. Para ser homem o menino precisa conquistar o
seu espaço social dentro de uma expectativa familiar que começa bem cedo, desde
a concepção até a sua faze juvenil, onde premeia o vestimenta, brinquedos, seus
esportes, estudo, amigos, paqueras, profissão, e o seu papel familiar e social.
Na fase infantil aparece para o menino o que ele pode e o que ele não pode ter
ou fazer. É uma influência continua e profunda e que poderá desenvolver uma
personalidade que não é a adequada ao ser humano que hora se forma. Por muito
tempo coube ao homem ser provedor e a mulher o espaço de cuidadora. Para as
mulheres o espaço educativo das crianças, para os meninos uma maneira educação
diferenciada das meninas. Ao menino coube a agressividade, a valentia, o
destemor; para as meninas a ternura, compreensão e fragilidade. Para o
masculino foi determinado fazer, para as meninas o sentir.
Hoje ha uma diferença muito
grande em relação à cultura do Ser Homem e as mulheres entram no mercado de
trabalho, a automação progride, o capital internacional se desloca da produção
para a especulação financeira gerando uma sociedade sem empregos. Existe a
necessidade de especialização e o homem sente a sua incapacidade de produzir. O desemprego e o subemprego crescem, e com
eles a crise de poder do homem que não consegue mais cumprir o papel que é dele
esperado. Sem alternativa para desempenhar o que foi lhe ensinada ele usa os
punhos como uma defesa, e se torna a cada dia mais violento.Observamos que o
modelo do homem masculino sempre foi o de machão, o estereótipo tem como base:
poder, sexo, velocidade etc, o homem torna-se insensível, vingativo, arrogante,
reservado, frio, prepotente, cheio de si, voltado para tirar vantagem de tudo e
de todos: arbitrário, dominador, cínico, incapaz de controlar seus desejos.
Tudo isso encobre o enorme medo que tem do desamparo, de aceitar a sua
receptividade, de ter consciência da sua imensa dor e impotência.Sem
alternativas, o homem busca referenciais em vários espaços. Seus heróis, nos
filmes de ação lutam por ele, nas novelas transam por ele, e os robôs produzem
por ele carros na fábrica onde ele trabalhava. Ao menos assim ainda se sente
inserido na sociedade, e como ela é rica e poderosa por trás das telas e
vitrines.
Mas ele luta sim, ontem destruiu
todos os bandidos no videogame, tem relação amorosa pelo disque-sexo e pela Internet,
e algum dia ainda vai comprar aquele carro fantástico quando ganhar na sena.
Quase perdendo a sua identidade real, o homem de hoje retoca a sua imagem para
demonstrar força e poder; vai à academia, mas percebe que hoje o seus músculos
não servem para construir coisas, mais sim para sua exibição. Percebe-se em um
espaço tão virtual quanto o H de Homem. Mesmo assim ele sai em busca de sua
realidade: em casa, na intimidade do seu corpo, na expressão de sua emoção, na
integração do seu afeto com sua sexualidade, qualquer que seja sua orientação
sexual. E neste momento surge um novo OMEM sem H que quer liberar assuas emoções, que quer derramar lágrima, o que já poder dizer
não na cama sem deixar de ser omem, ser
tirado para dançar, receber flores, trocar fraldas, perceber que os seu órgão
de amor servem para coisas gostosas e
não é instrumentos para competições ou guerras; em suma, trabalhar para resgatar
o espaço de sua sensibilidade, descobrir que“É humano, ridículo, limitado” e ao
mesmo tempo possui um coração pulsante escondido sob o peito. Percebe que foi
ele mesmo quem construiu este espaço social de frieza e indiferença que agora o
exclui da sua própria humanização e que, portanto pode alterá-lo. Para
reconquistar o seu espaço perdido O HOMEM necessita buscar novos paradigmas,
novos conceitos e para reconquistar tudo isso só é necessário o calor de seu
próprio coração.
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