O consumidor mundial é muito grato à China em poder pagar uma mercadoria barata. Mas isso desestabiliza grupos empresariais que reclamam não poder concorrer com o grande tigre asiático. Vejam, os chineses fabricam painéis solares a custo inferior aos seus concorrentes mundiais. Nos últimos cinco anos o custo médio de seus painéis caiu mais de 75%. Ou seja, a menos de US$ 1 por watt, a energia solar é a fonte não poluente mais barata em alguns lugares ensolarados como a Índia, que carece de alternativa de combustível fóssil. Isso gerou descontentamento de concorrentes. No dia 17 de maio de 2012, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos apresentou uma tarifa provisória de 31% a 61 fabricantes chineses de painéis solares. E teve grupo de empresa chinesa - que não respondeu satisfatoriamente às perguntas do departamento - que foi atingida por tarifa de 250%.
Quem não tem competência que não se estabeleça. No mundo capitalista a livre concorrência gera resultado positivo e negativo, mas garante sucesso às organizações mais eficientes. O que não se pode é ficar prejudicando o consumidor por problemas empresariais, ou por leis ou manobras de mercado. Ao consumidor o que interessa é ter acesso aos bens, não importa de que fonte produtora, pois as coisas que satisfazem as nossas necessidades e desejos– os bens - não devem ser dificultados. E aqui cabe uma definição elementar de Economia Política: “A ciência que tem por objeto a satisfação das necessidades humanas quando estas se relacionem com objetos materiais e visem ao bem-estar e ao conforto”.
Estamos assistindo a uma mudança radical na hierarquia dos dominadores do mercado mundial, gradualmente. Com a entrada da China no mercado mundial, e ninguém mais tem dúvida, as fontes de produção comercial e industrial começaram a alterar o mapa de seus domicílios.
Antigamente, as fontes produtoras de mercadorias mundiais tinham, por exemplo, os Estados Unidos como um dos seus principais fabricantes e fornecedores. Agora, a realidade e o cenário são outro. E queira ou não, a nação que não se preparar para competir com a China amargará problemas sérios em sua economia. E não adiantarão medidas políticas nacionais protecionistas às nossas mercadorias contra o grande tigre asiático, sobretaxando ou dificultando as importações chinesas, porque invariavelmente respostas similares serão dadas às nossas exportações.
Portanto, quem não tem competência que não se estabeleça, pois, daqui para frente, as nações terão que reavaliar as suas economias frente ao mercado externo para produzir aquilo que a China não tem, abdicando do mercado competitivo com os chineses, porque senão serão sufocadas. Essa é uma realidade irreversível.
Por outro lado, é inquestionável que o consumidor mundial almeja o suprimento de suas necessidades a baixo custo, sem se interessar por problemas internos na fonte do país de produção. E a entrada da China no mercado mundial foi muito saudável do ponto de vista do consumidor, porque trouxe competição entre fabricantes e fornecedores para barateamento da mercadoria. Ah! Mas isso causa problema para as indústrias e empresas nacionais, que não poderão competir com os mesmos produtos fabricados pelos chineses, e são obrigadas a demitir empregados e fechar as portas. É um problema de política nacional a resolver. Mas uma mercadoria barata, independente da fonte produtora, não deveria ser negada ao povo.
O Brasil, por exemplo, com grandes dimensões de terras não exploradas e cultiváveis, deveria se dedicar mais à produção de alimentos ao mundo, dinamizando o seu parque agroindustrial, para se tornar uma nação hegemônica do planeta na produção mundial de alimentos. E sem contar as suas riquezas de extração mineral. Essa vocação agroindustrial deveria ser mais intensificada.
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC para o Tabocas Noticias (via email)
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