O médico Rogério Pedreiro, de 48 anos, foi preso nesta sexta-feira na clínica onde trabalha, no Alto da Boa Vista, na zona sul de São Paulo, suspeito de abusar sexualmente de duas pacientes em consulta realizada no dia 18 de junho. Pedreiro teve a prisão preventiva decretada pela Justiça anteontem. O médico nega as acusações. Na clínica, localizada na Avenida Vereador José Diniz, ninguém quis falar sobre o caso.
Segundo a delegada Lisandrea Zonzini Salvariego Colabuono, titular da 2.ª Delegacia de Defesa da Mulher, além das duas vítimas - que são mãe e filha, de 49 e 24 anos -, outras três mulheres registraram boletins de ocorrência contra o médico em anos anteriores. Lisandrea conta que as versões apresentadas pelas mulheres, que não se conhecem, são muito semelhantes.
No caso envolvendo mãe e filha, a delegada afirma que Pedreiro fez perguntas desnecessárias às pacientes e realizou exame anal em uma delas sem que houvesse necessidade e sem a presença de uma assistente.
"Ainda sinto muitas dores por isso", diz a paciente de 24 anos. "Ele me fez deitar em uma maca três vezes, ficar de joelhos para o exame anal e não usou luva. Em outro momento, me perguntou quais posições sexuais eu gostava de fazer e comentou que a minha vagina era grande e eu tinha de operá-la."
A delegada afirmou que está convencida de que "o médico fugiu de um atendimento convencional". Por isso, pediu a prisão do profissional.
Mãe e filha relataram que procuraram o médico para exames de rotina. Segundo elas, a sala do médico ficava nos fundos da clínica, que também oferece exames de ultrassonografia, endocrinologia e emagrecimento.
As duas afirmam que chegaram assustadas em casa depois da consulta e contaram sobre as situações constrangedoras que teriam enfrentado. O pai da mulher de 24, marido da de 49, entendeu que a família deveria procurar a polícia.
Especialidade
Pedreiro é clínico-geral, porém atende como ginecologista. De acordo com a diretora administrativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Vera Lúcia Mota da Fonseca, o fato não é incorreto. "Qualquer médico que tenha número no conselho de medicina pode atuar, mas isso não quer dizer que ele seja um especialista", alerta a diretora.
Segundo Vera Lúcia, o toque retal está previsto nos livros de medicina quando se trata de exame ginecológico. "Agora, não se pode atender sem usar luvas e sem uma assistente presente", completa. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp -SP) abriu sindicância para apurar o caso.
A reportagem tentou falar com o advogado Rogério Nogueira de Abreu, que representa o médico. Foram deixados três recados no celular, mas não houve resposta. Em entrevista a uma emissora de televisão, ele negou as acusações de mãe e filha e garantiu que não houve ato "ilícito" de sua parte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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