Desde que o governo iniciou a pressão sobre o sistema financeiro pela queda dos juros, no início de abril, os bancos públicos baixaram mais agressivamente as taxas das pessoas físicas do que as instituições privadas. É o que mostra levantamento feito com base em dados compilados pelo Banco Central (BC).
No fim de março, pouco antes de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal iniciarem a primeira rodada de cortes, o juro médio do cheque especial estava em 10,31% ao mês no Santander, 8,86% no Itaú e 8,79% no Bradesco. Na semana encerrada em 20 de julho, dado mais recente disponível, as taxas estavam em 10,19% ao mês, 8,63% e 8,55%, respectivamente. No BB, a evolução no período foi de 8,65% para 5,40% ao mês e, na Caixa, de 7,99% para 4,30% ao mês.
Em outras duas modalidades analisadas - crédito pessoal e para automóveis -, a tônica se repete. Todos os bancos cortaram as taxas, mas os públicos o fizeram com mais intensidade. Só houve um caso de elevação no custo do empréstimo - o Santander reajustou levemente a taxa do crédito pessoal, de 3,36% ao mês para 3,4% ao mês no período.
Além de mostrar a agressividade maior das instituições controladas pelo governo, o levantamento revela que, em muitos casos, os bancos privados apenas repassaram para as taxas os cortes do juro básico da economia brasileira (Selic) no período. No início de abril, a Selic estava em 9,75% ao ano. Em 20 de julho, havia caído para 8%. Em termos mensais, a redução de 1,75 ponto porcentual equivale a uma diminuição de 0,14%. Considerando abril, maio, junho e julho, portanto, seriam 0,56%.
Ainda usando como exemplo o cheque especial, a queda na taxa do Itaú no período foi de 0,23%; no Santander, de 0,12%; e no Bradesco, de 0,24%. Nos três casos, portanto, abaixo dos 0,56% da queda da Selic.
Outro lado
Os três bancos foram consultados pela reportagem. O diretor de Produtos do Santander, Nilo Carvalho, explicou, sobre o cheque especial, que os dados do BC consideram a média das taxas pagas pelos tomadores do crédito. Na prática, isso significa, segundo ele, que há uma influência do perfil dos tomadores do empréstimo no período em questão. Se forem clientes com mais risco potencial, por exemplo, a taxa média naturalmente fica maior (cliente com maior possibilidade de inadimplência paga mais).
Além disso, ele afirmou que alguns benefícios do Santander aos clientes que utilizam cheque especial não entram no cálculo das taxas divulgadas pelo BC. É o caso da "promoção" que dá dez dias grátis para quem usar cheque especial.
O diretor adjunto do Bradesco Octávio de Lazari Júnior também aponta que o critério do BC, de considerar as taxas médias, não traduz de forma precisa as ações do banco no custo do crédito. "Todas as reduções da Selic foram repassadas para nossos produtos", disse. "Continuamos trabalhando para manter o processo de queda dos juros."
O Itaú informou que "a redução da Selic e a gradual melhora da inadimplência permitirão movimentos mais fortes dos bancos no futuro". Um exemplo, segundo o diretor Rogério Calderón, é o novo cartão de crédito, com taxas de 5,99% ao mês, metade do custo atual. BB e Caixa não quiseram se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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