Opera Mundi - Um povoado rural do centro do México declarou guerra ao homem mais rico do mundo, o magnata mexicano Carlos Slim, para impedir que ele explore algumas jazidas de ouro e prata devido aos riscos ambientais que essa ação pode representar.
As jazidas estão localizadas na montanha La Espejera, em Tetela de Ocampo, no estado de Puebla, onde a mineradora Frisco, de propriedade de Slim, obteve uma concessão para explorar jazidas minerais por 50 anos. Slim foi considerado o homem mais rico do mundo em 2011 pela revista Forbes, com uma fortuna avaliada em 63 bilhões de dólares
"Estamos declarando guerra, mas se Slim quiser nos escutar, tentaremos convencê-lo a não destruir a montanha e nem matar minha comunidade", disse à Agência Efe o presidente da organização civil Tetela Para o Futuro, Germán Romero.
O projeto ainda se encontra em etapa de prospecção, e a exploração só deverá começar a partir de dezembro, quando obtiver a total liberação por parte do governo federal e das autoridades municipais.
Romero advertiu que a exploração de ouro e prata nos 10 mil hectares da montanha que a Frisco tem concessão causará a poluição dos rios superficiais que abastecem cerca de 40 mil habitantes da região.
"Não temos medo de enfrentar um senhor que é tão pobre, já que a única coisa que ele tem é dinheiro. Ele vai cometer um 'ecocídio' e um genocídio porque contaminará nossos rios com mercúrio. E onde beberemos água?", indagou Romero.
O representante da organização Puebla Verde, Sergio Mastretta, também alertou que se a Frisco obtiver permissões para explorar a montanha La Espejera colocará em risco a vida dos habitantes de cinco povoados, além de ameaçar a floresta.
O prefeito de Tetela, Marco Antonio Uribe, disse à Efe que não negociará a liberação das permissões com a Frisco para uma possível mudança de uso de solo e uma licença para instalar a mineradora na região.
"Para nós não há preço que possa pagar uma medida que poderá trazer uma desgraça para nosso povo", disse o prefeito de Tetela, onde 25 mil habitantes vivem do cultivo de maçã, pêssego e tomate em estufas hidropônicas.
Para Héctor Lázaro, um antigo morador da região, a Frisco "é uma empresa que se equivocou de lugar". "Não queremos seu dinheiro e nem seus empregos", acrescentou o homem de 60 anos.
O Congresso de Puebla prepara um acordo para solicitar às autoridades federais uma ampla avaliação na região. A ideia é verificar se a mineradora Frisco realiza trabalhos de prospecção nas montanhas de Puebla de maneira vantajosa, como acusam as autoridades locais, cidadãos e organizações cidadãs.
Um deputado da região, Lauro Sánchez López, declarou que tentará frear essa exploração por considerar que o impacto ambiental na região seria "inviável".
"Um projeto dessa natureza nesta região seria terrível e inviável, já que o local é uma das poucas zonas que ainda possui uma biodiversidade íntegra", afirmou o legislador do PRI (Partido Revolucionário Institucional) em declarações ao jornal El Universal.
A mineradora chegou à região há três anos, mas esta etapa de prospecção não exige uma avaliação do impacto ambiental. Segundo fontes da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, essa medida só seria necessária no início da exploração dos recursos.
"Não nos importamos com o ouro, queremos apenas água e viver em paz", declarou Héctor Lázaro.
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