À medida que o tempo passa, deve consolidar-se na opinião pública baiana a avaliação de que estava mesmo certo o bispo de Barra, Dom Flávio Luiz Cappio, vencido pela máquina trituradora do governo Lula na simplória estratégia de fazer uma greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. Hoje, com as obras paralisadas, algumas, intrigantemente, em estado avançado de deterioração, o governo anuncia a disposição de relicitar as intervenções do empreendimento como forma de fazê-lo andar. No Brasil, lamentavelmente, obras grandes de infraestrutura são sinônimo de corrupção simples e pura, já que representam uma maneira de irrigar abundantemente caixas de empreiteiras e subempreiteiras, que, em contrapartida, retribuem a “gentileza” por meio de comissões generosas a políticos e lobistas, que são cada vez mais numerosos. Ou não foi essa a lógica que presidiu a opção pela mal-sucedida obra da transposição? A história do país mostra que todo o cuidado é pouco com empreendimentos “grandiosos”, a exemplo de alguns que estão previstos para a Bahia, porque é o princípio dos ganhos desonestos e não o do interesse público que os norteiam. Quanto ao bispo Cappio, com sua simplicidade franciscana, ao que parece, vai mostrar que seu protesto, solitário, foi muito mais racional do que aqueles que tentaram imputar-lhe a pecha de insano ou de defensor do atraso. De Política Livre
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