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domingo, 30 de outubro de 2011

BRASIL: PR> Rombo provocado por Paolicchi passa de R$ 1 bilhão

O esquema de desvio de recursos públicos capitaneado pelo ex-secretário da Fazenda de Maringá Luiz Antônio Paolicchi, encontrado morto no porta-malas de um carro na noite de quinta-feira (27), está avaliado em mais de R$ 1 bilhão em valores atualizados, segundo o Ministério Público (MP). Este seria um dos maiores casos de corrupção registrados no Paraná. Segundo especialistas ouvidos pela Gazeta Maringá, ainda é cedo para saber como ficarão os processos que correm na Justiça desde 2000 após a morte de Paolicchi.
De acordo com promotor José Aparecido da Cruz, que acompanha o caso no MP, a soma das ações ajuizadas entre 2000 a 2011 é de R$ 84 milhões, em valores não atualizados. Desse total, R$ 51 milhões são referentes a ações já julgadas. “Se for atualizado e adicionado às devidas multas, chegaria a R$ 800 milhões", conta Cruz.
Ainda falta julgar duas ações, uma de aproximadamente R$ 23 milhões e outra de R$ 9 milhões, em valores não atualizados. Somando essas quantias, o rombo atualizado passaria de R$ 1 bilhão.
Luiz Antonio Paollichi era o secretário da Fazenda durante a gestão do ex-prefeito de Maringá Jairo Gianoto, entre 1997 e 2000. Com o dinheiro desviado, usando, por exemplo, cheques destinados a terceiros, os dois adotaram um estilo de vida luxuoso e de gastos extravagantes. Gianoto e Paolicchi compraram aviões, fazendas, colheitadeiras, insumos agrícolas e carros de luxo.
Depois que as denúncias vieram à tona, Paolicchi teve prisão decretada e foi para a Itália. Ele permaneceu foragido por 51 dias, mas foi preso ao voltar para o Brasil, em 7 de dezembro de 2000. Gianoto também chegou a ser preso em 2006. Paolicchi já havia sido condenado a 14 anos pelo desvio de dinheiro na Prefeitura, sonegação fiscal e formação de quadrilha, mas estava foragido. Foi preso ao procurar atendimento de saúde, depois de um acidente de carro. Cumpriu cinco anos de prisão até abril de 2005, quando conseguiu liberdade condicional. A pena foi extinta em 2009.
Dívidas
O advogado Moisés Zanardi, que cuidou de vários processos criminais de Paolicchi desde final de 2000, não soube informar como ficam os processos com a morte do réu. Também não informou quanto da dívida já havia sido paga. "A morte é a maior das penas", disse ele, que há 90 dias não via o cliente.
O professor e especialista em direito do estado do Centro Universitário de Maringá (Cesumar) Mauro Luís Siqueira Silva explica que, com a morte, o procedimento padrão da Justiça é fazer um levantamento de todos os bens da pessoa que morreu. "Neste caso, além dos bens materiais e outros débitos, é levantado também se tinha dívidas. É feito um balanço de créditos e débitos", explicou Silva.
Tanto a família quanto credores públicos e particulares podem fazer parte da sucessão hereditária, atuando como inventariante e participando do conflito de interesses, que vai ocorrendo ao longo do processo.
A Justiça já havia tornado todos os bens de Paolicchi como indisponíveis. Silva explica que a Justiça toma essa atitude até uma decisão definitiva sobre o destino dos bens. "De qualquer forma, esses bens indisponibilizados são propriedade do falecido e farão parte do levantamento feito pela sucessão hereditária", disse Silva.
Assassinato
Paolicchi foi encontrado morto na noite de quinta-feira (27). O corpo dele estava amarrado dentro do porta-malas de um veículo no distrito de Floriano, em Maringá. De acordo com o delegado Nagib Nassif Palma, o crime, que tem características de execução, pode ter sido ocasionado pelas dívidas que Paolicchi tinha ou, então, por uma razão passional. A hipótese de latrocínio já foi descartada, porque nada foi levado da vítima, com exceção do celular.
Segundo Palma, Paolicchi já tinha registrado pelo menos três boletins de ocorrência para relatar ameaças feitas por credores nos últimos meses. A informação foi confirmada pelo advogado do ex-secretário,Moisés Zanardi, que informou à reportagem que, por algumas vezes, a vítima recebeu por telefone ameaças mais “ofensivas” de credores.De Gazeta Maringá

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