A palma forrageira é a única alimentação do gado nesse período |
O agricultor Gregório Evaristo Carneiro (foto) conta que o último período de estiagem parecido com o deste ano ocorreu em 1992. Em algumas localidades da zona rural, falta água potável e a vegetação do campo está desaparecendo debaixo do sol forte. Sem água para o gado bovino, os pequenos criadores são obrigados a tocar o rebanho pelo estradão, percorrendo mais de seis quilômetros, ida e volta, todos os dias.
De acordo com dados do Programa Saúde da Família (PSF), a população rural de Ichu, município de 5.255 habitantes, é de 1.890 mil moradores. Na fazenda Malhada Nova, uma das áreas castigadas pela seca, o cinza domina o cenário e a safra de grãos também está totalmente comprometida. “Este é o período em que os agricultores deveriam estar se preparando para a colheita. Mas, no lugar das plantações, o que se vê é terra seca”, comenta Luiz Bacelar Barata, diretor executivo de agricultura da EBDA.
Mesmo com a previsão de chuvas escassas para os próximos dias, conforme relatório da agência nacional de meteorologia, não há tempo suficiente para recuperação da lavoura. “A agricultura está cada vez mais difícil, pois quando não se perde por excesso de chuva, se perde por falta dela”, lamentou Gregório.
Ainda de acordo com Gregório, a água para o consumo humano está cada vez mais difícil porque, segundo ele, todos os açudes da região estão secando. Para aliviar o sofrimento do sertanejo, carros-pipa da prefeitura e particulares cruzam o solo árido para abastecer tonéis, tanques e reservatórios em várias residências da zona rural.
Mais seca - A falta de chuva está castigando também o interior do município de Santaluz, distante 74 quilômetros de Serrinha. Cerca de 13 mil moradores de diversas comunidades rurais sofrem com a estiagem. Em alguns locais, não chove há quatro meses.
O agricultor Venâncio Moreira da Silva, de 65 anos, só tem uma porção de feijão e um pedaço de carne de carneiro para alimentar a família. Em casa, são seis pessoas vivendo da aposentadoria do trabalhador rural. E o plantio de feijão, milho e mandioca, que ajudava na alimentação, não vingou. “Não deu nada. A chuva falhou”, disse.
Nem mesmo o mandacaru (planta das mais características da caatinga nordestina e que serve de alimento ao gado na seca) resiste ao sol inclemente. Centenas deles secaram e se confundem com a sequidão do povoado das Quebradas. A poucos quilômetros dali, o vaqueiro José Ribeiro de Queiroz, 53 anos, toca umas cabeças de gado para a aguada mais próxima. "O pasto acabou e só tem um pouco de água. Comida mesmo que resta é só a palma cortada, mas está acabando também". A rotina do sertanejo dura três meses, mas seu sofrimento remonta mais tempo. "Choveu um pouco no começo de março, depois nada mais", conta o paciente vaqueiro.Colaboração: Valdir Carneiro (Ichu Noticias) // http://varzeadopoconoticias.blogspot.com/
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