Meninas são as principais vítimas da aids no Brasil entre os adolescentes de 13 a 19 anos. Nessa faixa etária, a cada oito meninos com HIV há dez garotas na mesma situação. Em todas as outras idades a doença prevalece entre os homens.
Os dados são do Boletim Epidemiológico 2010 do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde. E, por causa deles, o Ministério da Saúde elegeu as jovens até 24 anos como foco da campanha de carnaval deste ano pelo uso de preservativos.
“Hoje, a proporção de mulheres infectadas pelo HIV ultrapassou a de homens justamente na faixa de 13 a 19 anos. A nossa preocupação é que isso pode ampliar a ‘feminização’ da epidemia. E a ideia da campanha é encorajar meninas, moças e jovens a, na hora H, pedir a camisinha”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou nesta sexta-feira, 25, do lançamento da campanha na quadra da escola de samba Salgueiro, na zona norte do Rio.
Em relação ao uso da camisinha, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira (PCAP – 2008) mostra que, na faixa etária dos 15 aos 24 anos, as meninas estão mais vulneráveis ao HIV. Em todas as situações os meninos usam mais preservativo do que elas. Na última relação sexual com um parceiro casual, por exemplo, o porcentual de uso da camisinha entre as meninas é de 49,7% ante 76,8% para os garotos. No caso de um relacionamento fixo, apenas 25,1% das garotas usam o preservativo com regularidade – entre eles o índice é de 36,4%.
“A proposta é sugerir que o público feminino incorpore a camisinha como uma peça do cotidiano da mulher. Assim como os homens, elas também devem ter o preservativo consigo na hora da relação e negociar o seu uso”, disse Padilha.
O ministro reconheceu que o lançamento da campanha, uma semana do carnaval, se deu quando a festa já ganhou as ruas de muitas cidades do País, mas negou que tenha havido atraso e ressaltou que faz parte da estratégia do ministério divulgar o assunto no período mais próximo à folia.
Com o slogan Sem camisinha não dá, a campanha inclui propagandas em, spots de rádio e outdoors. O jingle Vou não foi gravado pelo grupo Reginho e Banda Surpresa, conhecido pela música Minha mulher não deixa, não.
Diretora do Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana, a enfermeira obstetra Maria Helena Vilela diz que os números da aids são altos entre as meninas porque elas ainda sentem dificuldade em negociar o uso do preservativo. “A garota tem medo de perder o namorado, de ser julgada ‘galinha’, ou pior: não usa preservativo em nome do amor, acreditando que ‘quem ama confia’”, opina.
Segundo Maria Helena, questões orgânicas também tornam a mulher mais vulnerável ao vírus. “Quando a mulher está menstruada, por exemplo, ocorre a descamação da parede do útero, o que a deixa completamente exposta ao HIV. Ao fazer sexo menstruada, ela permite que o vírus atinja a corrente sanguínea facilmente.”
A especialista ressalta ainda que o canal vaginal é um órgão interno, o que dificulta à mulher perceber alterações na vagina. “Muitas vezes, ela só descobre que tem uma DST se consultar um ginecologista. Uma infecção agrava ainda mais a fragilidade da parede vaginal, aumentado a vulnerabilidade da mulher à aids.”
Camisinhas resistentesUm quarto dos 400 milhões de preservativos distribuídos anualmente pelo Ministério da Saúde são produzidos por seringueiros de Xapuri, no Acre. Segundo Padilha, as camisinhas produzidas com látex nacional são cinco vezes mais resistentes que as importadas, de acordo com testes de pressão a que foram submetidas.De http://blogs.estadao.com.br/
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