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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

BRASIL: Na véspera da votação do mínimo, governo corta mais emendas da oposição

A presidente Dilma Rousseff passou uma borracha na determinação de cortar na própria carne as verbas do Orçamento 2011. Na véspera da votação do salário mínimo no Senado, um raio X na tesourada que afetou as emendas parlamentares mostra que a oposição foi mais prejudicada do que aliados do PT e do PMDB. Não só, dos 26 senadores que tiveram o total de emendas preservadas, 22 apoiam o Palácio do Planalto. Nessa seleta lista, estão o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e líderes do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do PTB, Gim Argello (DF).
A bancada do PT foi a mais poupada. Dos 15 senadores, apenas três tiveram ceifados parte dos R$ 13 milhões, que cada um teve direito de apresentar no Orçamento: Eduardo Suplicy (SP), Delcídio Amaral (MS) e Paulo Paim (RS).
O senador gaúcho que promete trabalhar pela aprovação do novo salário mínimo em R$ 560 e não em R$ 545 proposto por Dilma foi o mais afetado. Teve R$ 1 milhão reduzido. Paim buscou desvincular o corte de sua defesa por um salário maior. "Quero crer que o corte das emendas nada tenha a ver com o projeto de reajuste do mínimo. À primeira vista, acredito que a minha emenda foi cortada porque tinha um impacto mais imediato", afirmou. "Mas vamos avaliar se os cortes tiveram coerência ao que a presidente tem anunciado", emendou.

Para exemplificar a diferença de tratamento entre aliados e oposicionistas, o PT, que tem uma bancada 50% maior do que o PSDB, teve R$ 1,6 milhão reduzidos entre seus senadores. O valor dos tucanos foi R$ 4,2 milhões, quase o triplo. Dos cinco senadores do DEM, três tiveram as emendas talhadas, num total de R$ 3,8 milhões, pouco mais do que o dobro do partido da presidente da República.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) foi a maior afetada entre os tucanos. Teve R$ 2,1 milhões cortados. "É autoritarismo do novo governo. O Palácio do Planalto tem utilizado o rolo compressor sem reservas. Chega a chamar de traidores quem votar contra a posição do governo, o que é inaceitável", afirmou a senadora sul-matogrossense. No PSDB, além de Marisa, o corte atingiu emenda dos senadores Álvaro Dias (PR), Mário Couto (PA), Flexa Ribeiro (PA) e Lúcia Vânia (GO). A senadora goiana perdeu R$ 1,4 milhão.

Entre os parlamentares do DEM , duas senadoras foram campeãs: Maria do Carmo Alves (SE), com R$ 2,6 milhão de corte, e Kátia Abreu (TO), com R$ 1 milhão. Demóstenes Torres (GO) perdeu R$ 200 mil em emendas.
No Distrito Federal, o governista Gim Argello teve os R$ 13 milhões poupados mesmo depois de se envolver em acusações de desvio de emendas apresentadas no Ministério do Turismo. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também não sofreu com o corte. O único afetado da bancada do DF foi o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Individualmente, sofreu a maior tesourada, R$ 6 milhões. "Todos fazemos parte de um grande esforço de ajuste fiscal e no primeiro ano de governo é natural esse corte. O que se exige é o mesmo critério para todos. O mesmo patamar", afirmou Rollemberg.

Para tentar acalmar integrantes da base aliada, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, tem explicado aos parlamentares que esse contingenciamento é inicial e que ao longo do ano todos vão conseguir executar o mesmo valor. O discurso interno, porém, não é o mesmo que do proferido em público. A equipe econômica tem dito que diferentemente dos outros anos, o corte de 2011 é para valer: as verbas serão excluídas.
Dos 19 senadores do PMDB, 14 tiveram as emendas poupadas. Entre os que não conseguiram preservar a verba estão dois senadores considerados adversários do Palácio do Planalto, Waldemir Moka (MS) e Jarbas Vasconcelos (PE). O presidente em exercício do partido, Valdir Raupp (RO), apesar de aliado de Dilma, teve as emendas ceifadas em R$ 5,3 milhões. Os três senadores de Minas Gerais – Aécio Neves (PSDB), Clésio Andrade (PR) e Itamar Franco (PPS) – foram poupados. Os dois senadores comunistas Inácio Arruda (CE) e Vanessa Graziotin (AM) tiveram cortes marginais de R$ 200 mil e R$ 400 mil, respectivamente.
Do Correio Braziliense

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