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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Jornalista e deputada denunciam assédio na Câmara - a página é policial

A jornalista Basília e a humilhação pública
Cada vez mais o lugar para tratar de assuntos relacionados à Câmara dos Deputados será esta sessão aqui: Segurança Pública. É a famigerada página de "Polícia". E não é força de expressão. A jornalista Basília Rodrigues, da CBN, denunciou o deputado Wladimir Costa (SD/PA) por assediá-la. O parlamentar ficou conhecido do grande público não pelo seu trabalho no legislativo - algo que edificasse a casa e seus modos. Mas por criar cenas patéticas. Ele teria proposta se despir para mostrar tatuagens pelo corpo. Mas mesmo entre parlamentares, os casos de desrespeito a figura feminina se revelam flagrantes. A deputada Shéridan Oliveira (PSDB/RR) foi chamada de "gostosa" por um deputado no mesmo dia do ataque a Basília - quando da votação do pedido de investigação contra Michel Temer. Vale ressaltar que o palco dos ataques misóginos absolveu antecipadamente Michel Temer de suspeita de corrupção.

A jornalista, que denunciou o deputado por assédio, afirmou que ao abordar o Wladimir Costa e perguntar sobre a suposta tatuagem de henna feita no seu peito com o nome do ilegítimo Michel Temer, ouviu um gracejo do parlamentar: "mostro para você a tatuagem, mas no corpo todo" - sugerindo que ficaria nu.

Diante do protesto da jornalista, usou de uma arma sórdida - tal e qual fez uso o também deputado Jair Bolsonaro quando ofendeu a deputada Maria do Rosário (PT/RS). A chamou de feia.

Naquele mesmo dia o deputado foi flagrado enviando uma mensagem para uma mulher a quem tentava convencer de enviar uma imagem da própria bunda. O registro foi feito pelo fotógrafo Lula Marques. 

A deputada tucana Shéridan foi chamada para votar sobre a investigação ou não contra Temer, mas não estava no plenário. Um deputado, cuja identidade ainda permanece protegida por seus pares, por corporativismo, chamou-a então de "gostosa". A filha de deputada, uma menina de 17 anos, que acompanhava a votação, ouviu e falou para a mãe. A parlamentar quer denunciar o ofensor. Será que vai convencer seus pares a denunciar um outro macho? Veremos.

A jornalista Basília falou sobre o episódio na sua rede social. Eis o texto:

UM ENSAIO SOBRE A IDIOTICE

Basília Rodrigues
"Quando a gente volta de férias, quer mostrar as novidades. Algumas pessoas têm fotos, outras chaveiros, tem até os colecionadores de ímãs de geladeira... Mas pra um deputado, Wladimir Costa, o tatuado de Temer, o mais esperado era ver a famosa tatuagem com o nome do presidente.

Era pra ser assim. Mas não foi assim.

Shéridan: a deputada tucana também foi alvo 
Desde os rumores de que é feita de henna, ele rebate e diz que é definitiva.
Agora chegou o grande momento. Nesta noite, em um jantar, tatuado e homenageado respiraram o mesmo ar. Na mesma sala, nada mais "normal" - ainda que pareça uma palavra sem espaço aqui - seria mostrar A homenagem.

Vai lá! Você viu? Ninguém viu.

Na saída, o contraditório. Costa saiu orgulhoso do jantar dizendo que apresentou a tatuagem pra Temer, e que o presidente teria gostado.

Pergunto pro deputado 1, deputado 2, deputado 3. Enfim, alguém aí viu o "taputado", o "detuado" se expôr à flor da pele para Temer? Não. 

Ele sai, brinca, se vangloriza e dá sua versão. Pergunto: Deputado, o senhor pode mostrar de novo?

Ele responde: "Pra você, só se for o corpo inteiro". Vou repetir essa resposta com destaque. "PRA VO-CÊ, SÓ SE FOR O COR-PO IN-TEI-RO".

Penso, em que momento eu dei a minha testa pra esse deputado tatuar "idiota"? Ou mais: "mulher idiota".

Havia outros deputados, jornalistas e até câmeras de TV focados nele. Mas nada disso "evitou" uma gracinha ou uma "desgracinha" machista.

Parlamentares constrangidos vieram me pedir desculpas pelo comportamento do nobre colega. Idiotice sabe mesmo ser feito bala perdida.

Sabe quando você vê uma coisa e grita "ai, meus olhos"? Pois é, eu vi e ouvi uma idiotice vinda de um esboço de tatuagem.

Ninguém em sã consciência realmente acha importante noticiar a tatuagem nova do deputado. Apenas pelo momento, apenas pelo contexto, apenas pela polêmica. Até o final desse texto, repensarei sobre isso.

Pessoas que ganham fama por serem idiotas cometem idiotices consecutivamente, claro.

Ei você que ri da piada machista com a colega de trabalho, com a mulher na rua, você é um idiota. 

Mas eu não tolero idiotas.

Fui atrás dele. 

"Deputado, se o senhor puder ter um pouquinho mais de respeito por eu ser uma repórter e mulher... o senhor falou que não é de henna, agora a gente quer mostrar..."

Wladimir Costa diz: "eu tenho várias tatuagens no corpo inteiro, amor". Huum, que fofo.

Insisto: "O senhor não quer mostrar?"

Ele, já distante de mim, levanta o dedo rindo, coloca na altura da própria boca e fala sem voz, só mexendo os lábios: "não". 

Eu repito: "então é porque é de henna...", ele balança a cabeça concordando e sai rindo. 

E o que parece marcado na pele, pode sair com cuspe. Mas não há uma comprovação clara disso. No mais, não é importante.

Idiotice é uma tinta forte que não sai no banho, talvez na escola, talvez na prisão, certamente só a sua mãe. 

Além de Temer, o deputado em questão tem o nome da esposa tatuado, segundo ele, em um lugar íntimo. Ele mesmo contou. Não preciso aqui dizer onde.

Concluo, desculpe. Idiota é também quem dá atenção pra você". http://www.conexaojornalismo.com.br

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