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terça-feira, 11 de julho de 2017

Delator de massacre de sem-terra no PA diz que policiais não queriam 'ninguém vivo'

Carlos Madeiro*Colaboração para o UOL, de Maceió
Mario Campagnani/Justiça Global
24.jun.2017 - Um mês após massacre em fazenda, camponeses protestam no Pará
Uma delação premiada feita por dois policiais civis levou ao mandado de prisão de outros 13 policiais que participaram do massacre de 10 trabalhadores rurais em maio deste ano, na Fazenda Santa Luzia, em Pau D'Arco (PA). Nessa segunda-feira, a Justiça mandou prender 13 policiais suspeitos da execução.

Os delatores apontaram que a intenção de alguns policiais presentes na ação era de matar todos os camponeses presentes na fazenda. 

"Quando os policiais civis chegaram ao local do crime, foram abordados pelos policiais militares, que diziam: 'E aí, delegado, como é que vai ser? Não pode sair ninguém vivo daqui', num claro sinal de intimidação para que os policiais civis aderissem aos crimes ou poderiam se tornar vítimas também", afirmou durante entrevista coletiva nessa segunda (10) o promotor Alfredo Amorim.

No momento da ação policial, chovia. Os policiais que delataram afirmaram que, ao chegarem ao local, havia corpos no chão e pessoas algemadas e feridas. 

A versão dos policiais reforça o testemunho de sobreviventes e de pessoas que presenciaram as mortes. Elas afirmaram que a polícia chegou para matar. Já os policiais militares dizem que houve confronto, informação que é contestada pelo MP (Ministério Público).

Segundo o Ministério Público do Pará, os depoimentos indicam que houve execução. Os delatores disseram que policiais militares fizeram um cerco aos trabalhadores em mata fechada dentro da fazenda. "Não houve confronto. No decorrer das investigações e com a delação de dois policiais civis, nós concretizamos a hipótese inicial de execução, que foi materializada", afirmou o promotor.

Ainda de acordo com o promotor, os laudos já apresentados reforçam a tese de execuções: os tiros dados nas vítimas não foram à distância, parte deles foi à queima-roupa, dados de cima para baixo. Além disso, nenhuma das dez vítimas tinha resquícios de pólvora nas mãos. "É difícil imaginar cenário de confronto", disse Amorim.

Outro lado
Nessa segunda-feira, a Justiça mandou prender 13 policiais suspeitos da execução, para que não atrapalhem as investigações. Todos se apresentaram voluntariamente no mesmo dia e estão detidos. 

A Secretaria de Segurança Pública do Pará informou que o caso ainda está sendo investigado e vai aguardar os laudos balísticos e o resultado da reprodução simulada para tentar individualizar as condutas dos policiais. 

"Esta tem sido uma busca incessante de todo o Sistema de Segurança do Estado, inclusive dando todo apoio e suporte necessários, tanto operacional quanto logístico, para o desenvolvimento das investigações", disse o secretário Jeannot Jansen, em entrevista nesta segunda (10).

Na madrugada do sábado, um líder da ocupação à fazenda foi assassinado a tiros no município vizinho de Rio Maria --para onde havia fugido por conta de ameaças.

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