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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

“Venho quantas vezes quiser”, diz ladrão que assaltou a mesma farmácia quatro vezes em 16 dias

Surgiu TO - “Parece que ele está debochando da gente”. Assim foi o desabafo de uma farmacêutica, neste sábado, ao descrever os assaltos que presenciou na farmácia onde trabalha há 34 anos. O estabelecimento, situado na Avenida José de Alencar, bairro Menino Deus, foi atacado quatro vezes em 16 dias, sempre pelo mesmo criminoso, que já avisou: “Venho quantas vezes quiser”.

O total roubado foi de R$ 1 mil. A farmacêutica estava presente em três dos quatro ataques. Todos foram registradas pelo circuito interno de câmeras, algo que não constrange o criminoso, que age sem esconder o rosto e sempre mostrando uma arma de fogo.

— É uma sensação horrível, estou indignada — diz a funcionária.

O último roubo ocorreu na noite desta sexta-feira e foi pior, segundo ela. O criminoso parecia estar sob o efeito de drogas, ficou mais tempo dentro da farmácia e exigiu mais coisas, como celulares. Também foi a primeira vez que o ataque ocorreu na presença de clientes. Havia um casal com uma filha pequena no local. O criminoso vasculhou a bolsa da mulher e roubou um telefone celular. Assustada, a menina chorou.

A saga da Farmácias Associadas, que fica ao lado do Hospital Mãe de Deus, começou dia 13 de outubro, às 21h30min, quando o estabelecimento já ia fechar. Numa ação rápida, o criminoso mostrou a arma e pediu dinheiro. Dia 19, por volta das 18h15min, o assaltante voltou e também agiu rápido. Na quarta-feira, dia 26, o roubo ocorreu mais cedo, por volta das 13h. O bandido, mais uma vez, só levou dinheiro. As três ações duraram menos de um minuto.

Na sexta-feira, o criminoso chegou por volta das 20h e ficou por dois minutos e 15 segundos no local. Antes, havia ido ao bar que fica ao lado da farmácia para pedir cigarros. Depois, ficou na parada de ônibus. Quando viu um funcionário da farmácia parado na porta, questionou:

— Tá me cuidando? Entra, entra.

E entrou junto, depois de mostrar a arma na cintura.

— De novo, cara?! — espantou-se a farmacêutica.

— É, vocês já sabem, né.

O casal estava sendo atendido e ele pediu dinheiro do caixa. A imagem mostra que o casal até demorou a perceber que se tratava de um assalto. Havia pouco dinheiro no caixa. O bandido reclamou. A farmacêutica explicou que já tinha sido recolhido.

— O que tem lá nos fundos?

— Não tem nada, cara, tu já veio aqui essa semana.

— Venho quantas vezes quiser. Quero celulares.

A funcionária ofereceu o da farmácia, modelo antigo.

— Tá de brincadeira? Esse eu não quero, esperta.

Ele chegou a ir até a porta, mas voltou e pediu telefones ao casal. O homem, que havia passado o dia em atendimento no hospital, disse que não tinha. O ladrão enfiou a mão na bolsa da mulher e vasculhou. Verificou que não tinha dinheiro na carteira e achou um telefone. Saiu e pegou um táxi, como fez nas outras vezes.

Segundo a funcionária, em um dos dias ele mostrou a arma ao taxista e disse que mesmo podendo assaltá-lo, daquela vez ia pagar a corrida. Ele costuma descer nas proximidades da Rua Orfanotrófio. As imagens mostram que em dois dos ataques o funcionário chega a retirar a gaveta da caixa registradora para mostrar ao criminoso que todo dinheiro foi e entregue.

— Em tantos anos de trabalho, já houve outros assaltos, claro. Mas era esporádico, passava anos sem ocorrer. Agora, são quatro em 16 dias. A gente sabe que existe falta de segurança para chegar num shopping, em casa, na rua, mas agora é fato recorrente. Parece que ele está debochando da gente — lamenta a farmacêutica.

Para o dono da farmácia e de outras oito do mesmo grupo, Antônio Francisco Fonseca, 72 anos, o sentimento é de impotência.

— Já tivemos cinco assaltos num mês, mas um pouco em cada loja. Nunca algo assim de forma tão acintosa. Agora mesmo, o vizinho do bar acha que viu o ladrão passando aqui de novo. Avisamos a Brigada Militar. A situação é de impotência — afirmou Fonseca por volta das 12h30min deste sábado.

Segundo o empresário, a BM pegou as características do suspeito e faria buscas na região.

CONTRAPONTO

O que diz o tenente-coronel Alexandre Brite da Silva, comandante do 1º BPM:
“Nós estamos ciente dessa situação, já nos reunimos com pessoal da farmácia e adotamos medidas preventivas, o patrulhamento motorizado e com motos foi reforçado. Não há um aumento desse tipo de assalto, é uma questão pontual. Aquela região tem facilidade de fuga para a Vila Cruzeiro do Sul. O ladrão faz isso (o fato de voltar no mesmo lugar várias vezes) porque acha que vai conseguir sempre, mas uma hora ele vai cair, vamos pegar. Também temos a dificuldade de prender numa semana e o sujeito já estar solto na outra. É um retrabalho.” (Por Adriana Irion/Zero Hora/Reprodução)

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