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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Mico da Copa, trem bilionário que não anda teve 56 vagões inúteis comprados

Vinícius Segalla*Do UOL, em São Paulo*Divulgação
Ex-governador Silval Barbosa gastou R$ 120 mi a mais que o necessário em trens do VLT
A segunda obra de mobilidade urbana mais cara da Copa do Mundo de 2014, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Cuiabá, já consumiu mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos e ainda não chegou nem na metade. O atual governo de Mato Grosso teve que paralisar os trabalhos e contratar uma auditoria diante das evidências de irregularidades e superfaturamento existentes em seu contrato e execução. A obra tem denúncia de direcionamento na licitação, pagamento de propina de R$ 80 milhões, má execução técnica e, agora, a compra inútil de 56 vagões de trem que não terão utilidade no sistema.

Oito composições do VLT, com sete vagões cada, foram compradas sem necessidade pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), que atualmente se encontra na cadeia, preso na esteira de uma investigação da Polícia Federal sobre fraudes em seu governo. No total, o equipamento inútil custou R$ 120 milhões aos cofres públicos. 

É o que mostra relatório da consultoria KPMG, contratada pela atual administração. O relatório aponta que 32 composições, com 224 módulos, seriam suficientes para operar todo o sistema de transporte, de 23 quilômetros, mas Silval Barbosa comprou 40. O estudo esclarece que padrões internacionais estabelecem que não é possível colocar trens para rodar em um sistema com intervalos inferiores a três minutos.

Assim, a julgar pela quilometragem do sistema a ser implantado em Cuiabá, seria impossível fazê-lo funcionar com mais do que 29 composições. Considerando que três composições poderiam ter sido adquiridas a título de reserva, restam ainda oito composições, ou 56 vagões, que foram adquiridas sem utilidade alguma. Mesmo quando a obra ficar pronta, o que só acontecerá, segundo cálculos do governo atual, a partir de 2020, essas composições serão inúteis. Foi dinheiro jogado fora. 

De acordo com o secretário estadual de Assuntos Estratégicos do atual governo de Mato Grosso, Gustavo Oliveira, a consultoria também revelou erros em outros projetos, mas o governo ainda vai aguardar a versão final do documento, que deverá ser entregue no dia 4 de março, para decidir o que fará com as composições extras.

Embora aponte uma série de erros na contratação e execução da obra do VLT, Oliveira não afirma que houve má-fé na compra excessiva de vagões. "Não sei o motivo da compra. Mas a verdade é que a obra foi feita às pressas, sem os devidos estudos, sem pensar no sistema de transporte da nossa capital integradamente. Aprovaram a obra correndo para dar tempo de colocar no programa da Copa do Mundo. Deu no que deu", resume o secretário.

De fato, parlamentares que levaram a cabo a aprovação da obra na Assembleia Legislativa de Mato Grosso chegaram a dizer que o fizeram "na euforia do momento da Copa do Mundo." E, conforme o UOL Esporte revelou já em julho de 2011, o principal defensor da construção do VLT em Cuiabá, o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), o fazia por motivos políticos, e não técnicos. Hoje, Riva, assim como o ex-governador Silval Barbosa, é inquilino do Centro de Custódia de Cuiabá. Leia mais em: http://zip.net/bxsYxw

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