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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Com a crise, dispara número de empresas caloteiras

O número de empresas brasileiras inadimplentes cresceu 11% em junho deste ano ante o mesmo mês do ano passado. Segundo levantamento feito pela consultoria Serasa Experian, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, já são mais de 3,9 milhões de empresas endividadas - em junho de 2014, eram 3,5 milhões. Ao todo, o Brasil tem 7,9 milhões de empresas em funcionamento - portanto, quase metade (49%) está em situação de calote com ao menos um credor. Especialistas apontam que o fenômeno é preocupante, sobretudo, porque o país passa por um período de desaceleração na atividade econômica e por um ciclo de aperto monetário. "A recessão econômica somada à taxa de juros é uma combinação fatal para as empresas", diz o economista do Serasa Experian, Luiz Rabi. Segundo ele, enquanto o ambiente recessivo leva à queda da receita das empresas, os juros elevados ampliam as despesas. E, assim, elas caminham para a insolvência. Com problemas para levantar caixa, as companhias tentam adiar o pagamentos de débitos. Se não conseguem postergá-los, tornam-se inadimplentes. Em casos extremos, decretam a falência e fecham as portas. Segundo Serasa Experian, os requerimentos de recuperação judicial bateram o recorde nos sete primeiros meses deste ano, com 627 ocorrências. o maior número desde 2006, quando entrou em vigor a nova Lei de Falências. O estudo também traçou o perfil das empresas negativadas. A maioria pertence ao setor de comércio (44,1%), localiza-se na Região Sudeste (51,3%), atrasa o pagamento em períodos de 1 a 2 anos (20,6%) e tem pouco tempo de funcionamento. As mais jovens são as mais propensas a não conseguir cumprir seus compromissos. Cerca de 40% das inadimplentes têm de 2 a 5 anos de operação. Depois, aparecem as com 6 a 10 anos de vida (21,8%), e com 10 a 15 anos (13%). "Isso mostra que empresas no Brasil ficam inadimplentes muito rapidamente. As mais recentes são mais suscetíveis", diz Rabi.

A principal consequência do aumento da inadimplência na livre iniciativa é o encarecimento do crédito. "Quem fica inadimplente não paga o credor, e normalmente esse credor é bancário. Esse custo é repassado ao sistema financeiro nas operações de crédito", afirma o economista. Mais cautelosos, os bancos passam a restringir os empréstimos às grandes empresas. Segundo o Serasa, a participação de pequenas e médias companhias na carteira de crédito dos quatro maiores bancos do país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Caixa) foi de 34% no primeiro trimestre de 2015 - em 2011, esse mesmo indicador estava em 44%. "O problema é que 90% das empresas do Brasil são médias ou pequenas", constata.

Segundo o economista, esse fenômeno retroalimenta o ciclo de recessão econômica - com a alta da inadimplência, os juros sobem, encarecendo o crédito e agravando a desaceleração, que, por sua vez, aumenta a inadimplência, e por aí vai a roda. "Isso precisa ser quebrado por algum fator externo, como a melhora no cenário inflacionário. É por isso que ainda não está claro quando o horizonte de recessão no Brasil vai terminar", conclui Rabin. (Veja)

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