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sábado, 25 de julho de 2015

Indústria da miséria em expansão no Norte de Minas

    por Paulo Diniz
  • A recente crise do setor siderúrgico no Norte de Minas Gerais tem causado pânico na região, ameaçada que está de sofrer duplamente os efeitos da desaceleração da economia nacional. Além da redução da atividade econômica em todo o país, agora o Governo Federal define, através da medida provisória 677, que apenas empresas localizadas na área nordestina da Sudene poderão contar com preços reduzidos de energia elétrica, enquanto o Norte mineiro, também incluído nessa superintendência, perderá o benefício. Contra essa discriminação, empresários, sindicalistas, trabalhadores e prefeitos da região se uniram em uma série de protestos contra os governos estadual e federal, que mesmo sendo do mesmo partido, apresentam dificuldade de entendimento sobre assunto tão importante.
  • A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste foi criada pelo mineiro Juscelino Kubitschek em 1959, que convidou para sua direção o economista paraibano Celso Furtado, responsável por colocar em prática ideias inovadoras para o desenvolvimento econômico da região. O Norte de Minas participa da Sudene desde seu início, pois tem elementos de clima em comum com o Nordeste. Conta o folclore político regional que coube a José Maria Alkmin, amigo e ministro de JK, dar os retoques finais no mapa da Sudene em Minas Gerais: afinal, era nativo da cidade norte-mineira de Bocaiuva.
  • Concentrada na concessão de financiamentos à produção e incentivos fiscais, a Sudene foi responsável pela instalação de várias indústrias no Norte de Minas, gerando polos de riqueza ao longo dos anos. A refundação da Sudene em 2007, pelo então presidente Lula, foi vista com bons olhos na região, uma vez que a Superintendência havia sido extinta em 2001, após denúncias de corrupção. A esperança foi em vão: a Sudene do período petista trouxe o vício de diferenciar Minas Gerais dos estados nordestinos que também a compõem. Em 2009, a indústria norte-mineira da cana de açúcar sofreu grande revés, quando a medida provisória 615 excluiu da região os benefícios concedidos à área nordestina da Sudene. Já em 2010, a edição da medida provisória 512, que concedia incentivos para a indústria automotiva, excluía de sua abrangência os municípios do norte mineiro; ao ser convertida em lei no ano seguinte, essa medida foi alterada pelo Congresso para incluir as cidades mineiras, uma alteração que foi sumamente vetada por Dilma Rousseff. O Norte de Minas perdeu a oportunidade de receber investimentos de grande porte, que hoje geram frutos em Pernambuco.
  • Perdendo indústrias e dinamismo econômico, o Norte de Minas hoje vê irem embora bons empregos e a renda de sua população. Seu povo caminha de volta para a simples luta pela sobrevivência, situação na qual o Governo Federal se faz presente com galhardia, oferecendo como benesse o auxílio social mínimo que impede a morte por inanição. Não por acaso, em 2014 a votação petista foi predominante na região, fruto da gratidão dos humildes, cada vez mais condenados a levar uma triste vida de gado. (publicado na edição de 16/07/2015 do Correio de Uberlândia - Uberlândia, Minas Gerais - e na edição de 19/07/2015 de O Tempo - Belo Horizonte, Minas Gerais)

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