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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

MPF denuncia Bolsonaro por incitar prática de estupro

Renato Araújo/ABr/Beatriz Bulla, doEstadão Conteúdo
Jair Bolsonaro: afirmação do deputado repercutiu dentro e fora do Congresso

Brasília - A vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, ofereceu uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

A procuradora considerou que o parlamentar incitou a prática do crime de estupro ao dizer que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece".

"Ao dizer que não estupraria a deputada porque ela não 'merece', o denunciado instigou, com suas palavras, que um homem pode estuprar uma mulher que escolha e que ele entenda ser merecedora do estupro", argumenta Ela Wiecko na denúncia protocolada no STF.

O pedido de denúncia pode ser apresentado de forma direta, sem abertura de inquérito anterior, quando não há necessidade de colher provas sobre o fato - caso de Bolsonaro.

A frase sobre Maria do Rosário foi dita na tribuna da Câmara pelo parlamentar e reiterada posteriormente em entrevista ao Jornal Zero Hora, fatos que são expostos pela vice-PGR ao Supremo.

Na semana passada, o Conselho Nacional de Direito Humanos (CNDH), órgão vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, pediu à Procuradoria a abertura de uma ação contra Bolsonaro.

Para a procuradora, Bolsonaro "abalou a sensação coletiva de segurança e tranquilidade" ao considerar o estupro como prática possível.

Todas a mulheres devem ter a segurança de que não serão vítimas de estupro, já que a prática é crime previsto na legislação penal, destaca Ela Wiecko.

A pena prevista no Código Penal por incitação ao crime é de detenção de três a seis meses ou multa.

Embora seja um crime considerado de "menor potencial ofensivo", a procuradora descarta a proposta de transação penal - para pedir condenação apenas ao pagamento de multa - em razão dos "motivos, circunstâncias e repercussão do crime".

Seria insuficiente a adoção de uma punição mais branda, na análise de procuradoria.

O caso foi distribuído nesta segunda-feira, 15, ao ministro Luiz Fux. Como as ações penais são analisadas pelas Turmas do STF, caberá à 1ª Turma, da qual Fux participa, decidir se abre ação penal contra o parlamentar.

O grupo é composto ainda pelos ministros Marco Aurélio Mello, Dias Toffoli, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

A afirmação de Bolsonaro repercutiu dentro e fora do Congresso. As ministras Eleonora Menicucci (Política para Mulheres) e Ideli Salvatti (Direitos Humanos) repudiaram em nota conjunta o discurso do parlamentar.

Partidos como PT, PCdoB, Psol e PSDB anunciaram que irão protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pedindo a cassação do deputado.

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