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domingo, 14 de dezembro de 2014

Ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco fala em ‘núcleo duro’ da propina

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em depoimento de sua delação premiada na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que 14 empresas faziam parte do “núcleo duro” do cartel de fornecedores da estatal. Segundo ele, o pagamento de propina na companhia era “endêmico” e “institucionalizado”. Barusco contou ainda que, junto com seu antigo chefe, o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato de Souza Duque, recebeu pagamentos relativos a mais de 60 contratos firmados pela estatal e que Duque ficava com a maior parte da propina.

As declarações dele foram incluídas pela Polícia Federal nos relatórios finais dos inquéritos relativos às empreiteiras Engevix e UTC/Constran. A informação foi revelada neste sábado pelo jornal “Folha de S.Paulo”.

Na sétima fase da operação, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em nove fornecedoras da Petrobras: Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão, Engevix, Iesa, Mendes Junior, UTC Engenharia, Galvão Engenharia e Odebrecht. Destas, só não houve prisão de executivo na Odebrecht. A empresa Toyo Setal também fazia parte, e dois executivos dela, Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, fizeram delação premiada. Além delas, Barusco lista agora as empresas Andrade Gutierrez, MPE, Skanska e Promon como participantes do cartel. Ele faz a ressalva de que a Promon não pagava propina, mas destaca que outros fornecedores não citados por ele faziam esses pagamentos.

“Que essas empresas comporiam o ‘núcleo duro’, sendo que havia outras também que eventualmente pagaram propina”, afirmou o ex-gerente.

A Andrade Gutierrez já havia sido citada em outras delações, mas não foi alvo até este momento de buscas ou prisões. Barusco nega que tenha havido chantagem para obrigar as empreiteiras a pagar propina — argumento que as empresas que admitiram pagamentos têm usado como estratégia de defesa.

DUQUE NEGA DENÚNCIAS
“Que indagado se as propinas recebidas pelo declarante e Renato Duque eram uma exigência, sob pena de represálias a empresários, afirma que não, pois na realidade o pagamento de propinas dentro da Petrobras era algo ‘endêmico’ e ‘institucionalizado’”, registra trecho do depoimento.

A assessoria de imprensa de Duque “nega qualquer acusação sobre ilícitos cometidos na Petrobras”.

Barusco relatou ainda como evidência da cartelização que “os contratos foram firmados com preços perto do máximo do orçamento interno da Petrobras”.

O ex-gerente disse ser o responsável por organizar a contabilidade da propina. Afirmou que ele e Duque receberam por “mais de sessenta contratos firmados entre empresas ou consórcios de empresas e a Petrobras”. Disse que o valor de US$ 97 milhões que devolverá representa “quase tudo” o que recebeu indevidamente, tendo gasto cerca de US$ 1 milhão em viagens e tratamentos médicos. A propina engloba o tempo em que foi gerente de tecnologia de Exploração e Produção e gerente executivo de Engenharia na Petrobras, além de sua passagem pela diretoria de Operações da Sete Brasil.

A assessoria de imprensa de Duque “nega qualquer acusação sobre ilícitos cometidos na Petrobras”. A da Andrade Gutierrez e a da Promon emitiram notas. A primeira informou que não teve acesso ao teor das declarações nem ao contexto em que foram dadas. Ela “nega veementemente qualquer ilação ou acusação de participação em cartel”. A segunda destacou que “todos seus negócios, operações e relacionamentos são pautados pelo respeito à legislação e compromisso com a ética” e que “a empresa está à disposição das autoridades para esclarecimentos.”

De acordo com a revista “Veja”, Rafael Ângulo Lopez, braço-direito do doleiro Alberto Youssef, também negocia um acordo de delação premiada com as autoridades da Lava-Jato. De acordo com a publicação, Lopez possui registros de todas as operações que fez a mando de Youssef e viajava por todo o país com grande quantidade de cédulas amarradas ao próprio corpo para fazer entrega de dinheiro em domicílio aos participantes do esquema, entre eles políticos.

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