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domingo, 26 de outubro de 2014

Droga contra câncer: Teste em humanos em SP


Foto: AgenciaEstado
Uma nova droga contra o câncer entrou na reta final de pesquisas com humanos  no Instituto Butantã, em São Paulo.
A droga é produzida a partir de uma proteína encontrada na saliva do carrapato-estrela (Amblyoma cajennense).
Os experimentos primeiro foram feitos com camundongos e coelhos e mostraram que a proteína levou à regressão, ou seja, fez diminuir tumores nos rins, pâncreas, metástases pulmonares e melanoma.

Teste em humanos
A coordenadora do estudo, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, informou que o instituto está esperando autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes clínicos em humanos.
 
"Confirmamos que a proteína ataca e mata as células cancerígenas sem oferecer risco às células saudáveis. Os testes pré-clínicos foram um sucesso e temos tudo pronto para termos um medicamento inovador para tratamento do câncer com menos efeitos colaterais", disse.
 
Saliva de carrapato
De acordo com Ana Marisa, o interesse inicial do laboratório no carrapato-estrela não tinha nenhuma relação com o câncer.
Os cientistas queriam entender como a espécie, que se alimenta de sangue de animais, é capaz de impedir sua coagulação.

"Analisamos uma série de substâncias na saliva do carrapato e encontramos uma proteína que inibia uma fase importante do processo de coagulação sanguínea. Como é difícil trabalhar diretamente com a saliva do animal, analisamos os genes envolvidos com a expressão dessa proteína e, com técnicas de engenharia genética, expressamos essa proteína em bactérias", afirmou.

Durante os vários testes com a nova molécula - batizada de Amblyomin-X -, os pesquisadores notaram que, além de inibir a coagulação em células de vasos sanguíneos, ela matava células tumorais.

"Testamos em culturas e células, em camundongos, depois em coelhos. O resultado era sempre o mesmo: as células normais permaneciam ilesas e as células tumorais morriam", disse.

Utilizando marcadores biológicos, os cientistas acompanharam a trajetória da molécula no organismo dos animais.
"Nos animais sem tumores, vemos a molécula dar uma volta e ser excretada. Nos que têm tumor, ela fica estacionada. Isso demonstra a baixa toxicidade da droga", disse Ana Marisa.
 
Investimento
As pesquisas foram iniciadas há cerca de dez anos no Laboratório de Bioquímica e Biofísica.
Mas o impulso definitivo aconteceu em 2013, com a construção de uma nova infraestrutura, exclusivamente voltada para o projeto, financiada com recursos de mais de R$ 15 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O instituto conseguiu também parceria com a indústria farmacêutica nacional para realizar os testes.
Segundo ela, o modelo de pesquisa e desenvolvimento traçado pelo instituto é um marco para a ciência brasileira.
"Graças à expertise do instituto e à estrutura do laboratório, conseguimos produzir a proteína em biorreatores dentro das condições exigidas pelos órgãos reguladores e adiantamos os testes de estabilidade e toxicidade."

Assim, de acordo com a pesquisadora, foi possível levar a pesquisa até um estágio tão avançado que a indústria se sentiu confortável para fazer uma formulação e tocar os ensaios pré-clínicos.

"Com isso, acredito que conseguimos criar um modelo de desenvolvimento de novos fármacos viável para o País", disse.
Transformar as pesquisas feitas na bancada dos laboratórios em produtos disponíveis no mercado, segundo ela, é um notório gargalo para a produção de novos medicamentos. Com informações do Estadão

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