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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Apesar da proibição da Igreja Católica, 23 padres disputam as eleições

Larissa Leiros Baroni-Do UOL, em São Paulo
Arquivo Pessoal
Padre Afonso Lobato (PV-SP) disputa o seu quarto mandato como deputado estadual

Ao menos 23 padres brasileiros, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), entraram na disputa eleitoral de 2014, buscando uma vaga de deputado estadual, federal ou mesmo de governador, como é o caso do Padre Ton, candidato ao governo de Rondônia pelo PT. A Igreja Católica, no entanto, é contrária ao envolvimento de religiosos em atividades políticas e partidárias, segundo a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e de acordo com decretos de várias dioceses pelo país.

"É o que determina o próprio Código de Direito Canônico, que rege a Igreja Católica", aponta Denilson Geraldo, professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), que cita as determinações do cano 287, parágrafo 2º: "Os clérigos não podem ter parte ativa nos partidos políticos e na direção de associações sindicais, a não ser que a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum."

O cano 285 também faz referência ao tema e determina que "os clérigos evitem aquilo que, mesmo não sendo indecoroso, é alheio ao estado clerical" e enfatiza que "os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos, que implicam participação no exercício do poder civil". Mas, apesar das orientações, o direito canônico não prevê punição alguma aos religiosos que forem contra as determinações. "Os bispos locais é que devem tomar as medidas que julgarem mais coerentes", enfatiza o professor Geraldo.

O arcebispo metropolitano da Paraíba, dom Aldo Pagotto, publicou uma norma que determinou a suspensão do uso da ordem de todos os padres ligados a ele que estivessem envolvidos na política partidária. Com a medida, cinco religiosos da região -- Luiz Couto (PT), Padre Júnior (PT), Frei Anastácio (PT), Padre Cristiano Melo (PSOL) e Padre Gescione (PCdoB) -- ficam impedidos de celebrar os sacramentos, sobretudo missas e confissões, pelo período da campanha política ou durante todo o período de mandato para o qual tenham sido eleitos.

Além da suspensão, o documento normativo pede aos políticos que não transformem a igreja em cabo eleitoral. "Há pessoas ligadas tanto às pastorais quanto a movimentos populares cuja tendência é agir como cabos eleitorais de alguns partidos políticos. Esses podem assumir projetos que, por vezes, são contrários aos valores e aos princípios defendidos pelo direito natural e pela ética e moral cristã, por exemplo, na questão do aborto, invasão de terra e casamento gay", aponta o texto.

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