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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

RJ: Candidato ao Governo, Garotinho distribuiu enxoval para bebês durante campanha eleitoral

Moradora de Caxias de Tócos, área agrícola e de extrema pobreza em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, Kíssila Henriques, de 29 anos, vive com o marido, ajudante de pedreiro, e seis filhos numa casa onde pássaros entram pelo vão entre o telhado e as paredes descascadas. O casal tem renda de cerca de R$ 800, juntando o que ele ganha com R$ 300 do Bolsa Família e R$ 200 do Cheque Cidadão, distribuído pela prefeitura de Campos. Mas o enxoval de Pedro Mateus, filho do casal, que nasceu prematuro em julho, foi um “presente” do Centro Cultural Anthony Garotinho, em Campos. O nome de Kíssila e a data da entrega do kit, 23 de julho, constam na listagem apreendida por fiscais do Tribunal Regional Eleitoral, há 10 dias, no centro criado para homenagear a história do candidato do PR e ex-governador. A apreensão foi um dos indícios da existência de um sistema de distribuição de benesses para a população de baixa renda, que ainda inclui 50 favelas da cidade do Rio. A rede foi montada por Garotinho por meio do programa que ele mesmo assume como seu, chamado de “Obra do Berço”, ligado à empresa Palavra de Paz, que inclui a produção de um programa de rádio, uma editora e até uma organização não governamental, a Missão de Paz. Na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Garotinho declara, pela primeira vez, cota de R$ 116 mil da empresa. A coordenadora estadual da fiscalização, juíza Daniela Assumpção de Souza, já instaurou pelo menos três procedimentos contra a campanha do ex-governador. O alvo de um deles, cuja decisão foi dada em 14 de julho, era a oferta de brindes durante o “Fala, Garotinho” — programa de rádio agora apresentado pela prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, mulher do candidato.
A magistrada enfatizou o benefício eleitoral da distribuição de enxovais para bebês e levantou a questão da origem do dinheiro, que irrigou a pré-campanha do candidato ao governo do Rio. A pedido dela, a Polícia Federal já está investigando o caso. Os fiscais da Justiça Eleitoral foram recebidos no centro cultural por Elizabeth Correa Barreto e Ermilton Barreto, ambos filiados desde agosto do ano passado ao PR, partido do ex-governador. Em sua sentença, Daniela Assumpção destacou: “O fato curioso é como o candidato consegue oferecer, em um programa, brindes que chegam a um sexto do valor de seu patrimônio declarado (de R$ 303.538,65)”. Ela referia-se ao sorteio de brindes que variavam de fogões, geladeiras e micro-ondas a rádios portáteis e TVs. O procurador regional eleitoral Paulo Roberto Bérenger disse que, em tese, práticas como essa podem ser enquadradas como abuso de poder econômico e que fornecimento de bens e serviços pode ser visto como compra de votos. (O Globo)

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