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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Pacto atinge meta de reduzir sal em macarrão instantâneo, pães de forma e bisnaguinhas

ARQUIVO/EBC
O brasileiro consome muito mais sal do que deveria, o que aumenta o risco de doenças, como derrame e infarto

São Paulo – O ministro da Saúde, Arthur Chioro, divulgou nesta terça-feira (12) os primeiros resultados do acordo assinado com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) para reduzir a concentração de sódio nos alimentos industrializados. "Os resultados expressivos mostram que é possível trabalhar em conjunto pelo plano contra as doenças crônicas não transmissíveis, no qual o sal é um ponto importante, fundamental para a população", disse o ministro.

Desde 2011, quando o acordo passou a vigorar, as indústrias deixaram de usar perto de 1.800 toneladas do ingrediente apenas nas linhas de macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinhas. A previsão é de que até 2020 sejam retiradas mais de 28 mil toneladas. O acordo engloba 16 categorias de alimentos que concentram 90% da substância, da qual deriva o sal de cozinha, que, além de salgar, tem outras finalidades, como conservar.

Segundo um estudo da Abia, o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sal por dia, quantidade considerada alta. Desse total, 70% vem do saleiro na mesa de casa ou no restaurante. Outros 30% estão nos alimentos industrializados. E um levantamento do Ministério da Saúde, por meio de entrevistas telefônicas, indica que 70% dos entrevistados acreditam que essa quantidade está dentro do normal. A meta é baixar para as 5 gramas diárias recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), limite seguro e suficiente para evitar a pressão alta e problemas decorrentes.

"Além de reduzir o sal na indústria, estamos investindo na educação da população, que usa sal em excesso", ressaltou o ministro.

O excesso de sal altera a pressão sanguínea porque afeta o equilíbrio de líquidos e minerais no organismo. Os vasos sanguíneos, a circulação e o coração acabam prejudicados, facilitando complicações como infarto e derrame, mas o diabetes também está diretamente associado à pressão alta.

De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria da população brasileira tem pressão alta e não sabe. A estimativa é de mais de 1,5 milhão de hipertensos que não se cuidam e estão sujeitos a riscos cardiovasculares.

Pelo pacto assinado entre o governo e Abia, que reúne mais de 400 conglomerados industriais (70% do mercado nacional), as empresas se comprometeram voluntariamente a reduzir a quantidade de sal.

Um monitoramento que levou em conta informações dos rótulos e as obtidas em análises químicas mostrou redução média de 15,3% no teor de sódio nas marcas de macarrão instantâneo, de 13,4% dos pães de forma e de 67% nas bisnaguinhas.

Em novembro, serão anunciados os resultados referentes ao pão francês, misturas prontas para bolo e batata frita, entre outros alimentos.

Embora o acordo tenha sido feito com a Abia, as análises mostraram diminuição do sal também em marcas de fabricantes que não são filiados à entidade.

"Esses fabricantes sabem que se não oferecerem alimentos mais saudáveis vão perder espaço no mercado", disse o presidente da Abia, Edmund Klotz.

Ele garantiu que as indústrias que não reduziram o sal serão estimuladas. "A garantia é que todas as empresas filiadas vão ajustar as formulações. E o mercado vai se encarregar de enquadrar as demais, que perderão vendas se não se tornarem mais saudáveis".

O Brasil é o segundo maior produtor de alimentos industrializados do mundo. Os alimentos produzidos no país são exportados para mais nove países, inclusive os Estados Unidos.

Em 2007, a indústria foi pressionada a substituir nos alimentos a gordura trans, a principal causadora de entupimento dos vasos sanguíneos. As empresas tiveram de desenvolver novos métodos produtivos. Do mesmo modo, criam agora mecanismos para substituir o sódio.

A medida é importante porque 60% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são industrializados. E a expectativa é de aumento desse percentual, como ocorre nos países desenvolvidos.

O pacto assinado com o setor de alimentos integra a política de enfrentamento às Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como o diabetes, pressão alta e câncer, as maiores causas de doenças no Brasil.

Criada em 2011, a política tem como meta reduzir em 25% a mortalidade entre a população de 30 a 70 anos, no período entre 2015 e 2025. Entre 2011 e 2022, a meta é de redução de 2 % ao ano.

Além da redução do consumo de sal, substância que aumenta a pressão, outras estratégias são a promoção da saúde, como o combate ao tabagismo e ao sedentarismo, com políticas como as academias da saúde. http://www.redebrasilatual.com.br/

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