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domingo, 13 de julho de 2014

Dilma e suas Arenas - Coluna A Tarde

Por Samuel Celestino - Sem dúvida alguma o futebol e a política se entrelaçam e se interpenetram. Basta observar o que acontece na CBF, onde a corrupção enriquece presidentes e diretores da instituição, enquanto, no Congresso, a chamada “bancada da bola” dá suporte aos cartolas e impede CPIs para investigar o que ocorre no submundo do futebol. É possível que a débâcle do selecionado brasileiro, caindo aos pés da Alemanha numa memorável goleada, possa ajudar numa investigação sobre o que se verifica nas entranhas da Confederação Brasileira de Futebol.

Não há dúvida nenhuma, a esta altura, que o ocorrido na Copa do Mundo contaminou a campanha política, especialmente a presidencial. Há, sobre isso, uma guerra nos bastidores da política e, no centro dela, a presidente Dilma Rousseff, procura rotas de fuga para não sofrer impactos político-eleitorais maiores dos que ela já está a enfrentar. Aécio Neves a acusa de ter tentado se “apropriar da Copa do Mundo” no período em que o selecionado brasileiro ultrapassava, aos tropeços, adversários, até desmoronar vergonhosamente na semifinal. O alvo passou a ser, também, o técnico Felipão, mas o fato é que a engrenagem podre se vincula à cartolagem e aos desmandos que ocorre nos subterrâneos do esporte. 

Se a vergonhosa Copa do Mundo realizada no Brasil a custos monumentais terá influência nas eleições presidenciais, vulnerando o PT, ainda, é uma incógnita. O curioso, no entanto, é que a presidente tenta se justificar de todas as formas e diz abobrinhas a exemplo de os gastos com as arenas construídas em nove capitais “não foram dispendiosos”. Ao mesmo tempo se retrata com outra tolice, sugerindo que haja uma reforma no futebol brasileiro, de sorte que os jogadores de primeira grandeza sejam mantidos no País, consequentemente impedidos de jogar em clubes do exterior. “Se tal acontecer - disse ela - as arenas ficarão sempre lotadas”. 

Quais? A de Manaus, construída para a realização de apenas três jogos? A de Cuiabá? A de Brasília? E como impedir o ir e vir dos jogadores para o exterior, fato que acontece em todos os países do mundo, inclusive na China? Como atropelar a Constituição impedindo o direito de locomoção? Curioso como a presidente prega reforma no futebol sem ter levantado um dedo sequer para, no seu governo, realizar uma reforma política no Brasil, de sorte a diminuir a corrupção e estabelecer formas modernas para eleger os ditos representantes do povo. Pelo contrário. Criou, com o antecessor, 39 ministérios para abrigar o fisiologismo, que, aliás, ocorreu às vistas no caso da retirada do baiano César Borges do ministério dos Transportes, abrindo caminho para negociar o cargo pelo apoio do PR à sua candidatura. Será este um exemplo de política correta? 

A Copa do Mundo passou a ser um engodo para os brasileiros. A mistura de futebol com a política não é mais indecente porque faz parte da cultura e de organizações erradas, tortas e imorais. Como a CBF, desde os tempos do quase eterno Havelange, que fez do seu genro Ricardo Teixeira seu sucessor. A corrupção explodiu. A CBF é uma arca do tesouro. Por que os presidentes das federações de futebol nos estados passam anos e anos à frente das entidades e não devolvem o osso? A verdade é que não há emprego melhor. Agora, a presidente Dilma sai a justificar e a ensinar como lotar as suas arenas sugerindo uma reforma para que os jogadores não possam sair do País e atuar em outros clubes mundo afora. Há, também, aforado no final da semana, um Projeto de Lei da Responsabilidade Fiscal do Esporte, pronta para ser votada pela Câmara dos Deputados. Mas o tempo é curto diante da campanha eleitoral e do recesso parlamentar.

Quem vai pagar, então, o pato serão os jogadores? Algum deles vai desejar se transferir para Manaus de sorte a lotar a arena de lá? E quem irá querer jogar no Brasiliense para, de igual maneira, arrastar torcedores para a arena Mané Garrincha, aquele monumento ao nada plantado no Planalto Central que, um dia (não duvidem), será palco de jogos para o entretenimento dos políticos. Vai ser Câmara versus Senado. Difícil entender, mas a realidade, fica estampada às claras no silogismo segundo o qual a política está para o futebol como o futebol está para a política. É uma dedução quase socrática. Qual dos dois e o mais corrupto?

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