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sábado, 5 de abril de 2014

Dilma e Lula se reúnem a sós para discutir crise na Petrobras



A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram na tarde de nesta sexta-feira (4) o primeiro encontro para debater a crise da Petrobras. A reunião aconteceu em um hotel da zona sul da capital paulista e, a portas fechadas, os dois discutiram a sós uma das principais polêmicas que acometeu o governo da petista.

Dilma aproveitou sua passagem por São Paulo, onde participou da inauguração de 2.508 moradias doMinha Casa Minha Vida no interior do Estado, e fez uma parada estratégica na capital para a reunião com o antecessor. O encontro terminou por volta das 18h40 desta sexta-feira depois de cerca de três horas. Mais uma vez, o encontro entre a presidente e seu padrinho político não constou da agenda oficial da Presidência da República.

Dornelles relatará recursos da CPI da Petrobras na CCJ
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), escolheu nesta sexta-feira (4) o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para relatar os recursos que questionam a abrangência da CPI da Petrobras. A comissão vai se reunir extraordinariamente na próxima terça-feira para apreciar as questões de ordem apresentadas por base e oposição sobre a comissão. A expectativa é que o plenário da Casa decida no dia seguinte ao encontro da CCJ o destino da CPIs.

A ida da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ao Senado para audiência nas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura foi cancelada. A primeira prevista para comparecer à Casa para falar sobre os escândalos envolvendo a companhia petroleira era Graça Foster, em audiência que estava marcada para a próxima terça-feira (8).

Segundo o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), a ida dela ao Senado “perdeu o sentido” diante dos pedidos para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias. “Nós ponderamos com ela que, se a CPI sair, provavelmente a presidenta da Petrobras será uma das primeiras convocadas para prestar depoimento. Não faria sentido ela vir agora e logo em seguida vir de novo para a CPI”, disse o líder petista.

Lula deixou o hotel, pela garagem, e em seguida, a comitiva presidencial também saiu pelo mesmo local. Os dois não falaram com a imprensa, mas informações de bastidores indicam que um dos temas do encontro foi justamente a crise em torno da Petrobras, deflagrada após matéria do jornal O Estado informar que a presidente Dilma, quando era ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, foi quem autorizou a compra da refinaria de Pasadena(EUA).

A aquisição da refinaria já é investigada pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e Ministério Público por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas, que custou aos cofres da estatal brasileira US$ 1,2 bilhão. Dilma alegou que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho".

O ex-presidente Lula, após deixar o hotel, seguiu para a cidade de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, onde participa de uma plenária da caravana Horizonte Paulista, com o seu candidato ao governo do Estado de São Paulo, Alexandre Padilha (PT). A eleição de Padilha tem sido considerada por Lula como prioridade, ao lado da reeleição de Dilma.

Discussão polêmica
O ex-presidente acredita que toda a energia do governo federal está sendo consumida com as denúncias sobre a Petrobras e a polêmica sobre a compra da refinaria nos Estados Unidos. Lula dirá a Dilma que o governo não pode estar paralisado em ano de eleição e que a reação precisa ser rápida. Para ele, a condução da crise levou a polêmica para o centro do Palácio do Planalto e deu à oposição munição para atingir a imagem da presidente.

O encontro sem testemunhas é, segundo interlocutores de Lula e Dilma, para evitar qualquer vazamento de críticas ou explicações que um faça para o outro.
Após a reunião, a presidente retorna a Brasília, enquanto Lula segue para uma plenária do PT para promover a pré-candidatura de Alexandre Padilha, seu afilhado político, ao governo de São Paulo.

CPI terá "resultado prático zero", diz Temer
O vice-presidente Michel Temer diz que eventuais CPIs da Petrobras não vão afetar a campanha eleitoral e que "o resultado prático delas é zero". Afirma que instalar as comissões "só pode ser uma razão eleitoral", pois a Polícia Federal e o Ministério Público já abriram inquérito para investigar temas relacionados à estatal, como a compra da refinaria de Pasadena (EUA) por US$ 1,18 bilhão, após ela ter custado à empresa belga Astra Oil US$ 42,5 milhões em 2005.

Para o vice, o clamor da classe média "não tem nada a ver" com a crise na estatal brasileira, e sim com "coisas triviais", como um "sujeito que comprou seu carrinho e demora três horas para ir e três para voltar", ou "entra no metrô e fica ensardinhado, que nem sardinha em lata".

Em passagem por Nova York, Temer alfinetou o presidenciável Eduardo Campos. Na quinta-feira, o pessebista chamou o ex-presidente Lula, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia, de "querido amigo" ao deixar o governo de Pernambuco para disputar o Planalto. "As falas [dele] têm sido: o Brasil precisa mudar. Mas não peguei bem onde tem que mudar. Vejo que falou bem do Lula porque o Lula ajudou muito. Quando fala da presidente Dilma, é uma fala um pouco genérica. Tem que mudar o jeito? Talvez eliminar o Bolsa Família, talvez o Pronatec, o Fies, as desonerações tributárias, a desoneração da folha de pagamento? Onde vai mudar?"

Temer conversou com a Folha de S.Paulo e mais dois jornais brasileiros por meia hora, numa sala do hotel Four Seasons a poucas quadras do Central Park, após participar de evento da revista "Foreign Affairs".

Na palestra, sua missão era "vender o Brasil" para uma plateia de conterrâneos e americanos. Seu discurso começou em 1891, com a primeira Constituição do país. Pulou para a era Vargas ("movimento mais centralizar e autoritário"), o período entre 1946 e 1964 ("crises sobre crises, apesar da dicção democrática") e a ditadura militar ("maior período de crises"), até chegar à Constituição de 1988.

Para serenar ânimos do empresariado, ele ressaltou que ao rebaixar a nota de avaliação do país (de "BBB" para "BBB-"), a agência Standard & Poor's "não baixou [a nota para] investimento, que é o mais importante. No dia em que sugerir não investimento, aí que fica grave".

Disse que, após aplicar princípios liberais e promover a ascensão social, o Brasil vive agora a "democracia da eficiência", em que a população cobra por melhor serviço público. Os protestos que tomaram as ruas em junho de 2013, continua Temer, "não assustaram" o governo, pois foram "fruto dessa ascensão social" num país que, após pôr em prática uma "peça de museu" (impeachment de Collor), elegeu "um intelectual, um operário e uma mulher".
Mais tarde, no hotel, Temer revelou que pretende escrever seu primeiro romance ("uma experiência fictícia"), depois de estrear na poesia em 2013, com "Anônima Intimidade", coletânea de 120 poesias que rabiscou em guardanapos "Por que não paro? Por que prossigo?", o autor indagou no poema "Por Quê?".

Para a plateia americana, ele discorreu sobre outros porquês: se vale a pena investir no Brasil agora, por exemplo, num momento em que as perspectivas para inflação e juros pioraram. Na segunda-feira, ele irá encerrar o evento "Brics no mundo: uma visão estratégica e política", a convite do empresário Mario Garnero.

São esperados mais de 200 líderes empresariais e acadêmicos no hotel Plaza em Nova York, segundo a organização.

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