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domingo, 24 de novembro de 2013

Jovens e a difícil tarefa de poupar

Planejar a renda, poupar e pensar no futuro também são tarefas para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Independentemente da idade, especialistas em finanças pessoais alertam: é preciso controlar o próprio dinheiro e quanto antes isso ocorrer melhor. Nessa fase da vida em que os anseios de consumo são maiores, o primeiro passo é abrir mão dos gastos supérfluos. Além disso, é indicado aproveitar o período de menos despesas, já que muitos ainda moram com os pais, e, assim, investir 50% do salário na poupança. Para aqueles que têm renda mais apertada, no entanto, a aplicação pode começar em 5% ou 10% do salário e aumentar à medida que o profissional cresce na carreira.


Estagiária do setor de tecnologia, Stella Vilaça, de 19 anos, controla bem as finanças. Em seu segundo emprego, ela já tem poupança e não passa um mês sem aplicar pelo menos a metade do salário. “Sempre tive o hábito de fazer listas quando ia viajar e levei isso para a minha vida financeira. Sei o quanto vou ganhar, quanto preciso poupar e o quanto posso gastar”, conta. “Por enquanto tenho meus pais, que me ajudam a pagar a faculdade, mas não sei o que pode acontecer no futuro e por isso prefiro guardar”, acrescenta. Entre os motivos para pensar no futuro, ela destaca o interesse em investir em um novo curso, fazer intercâmbio ou apenas se precaver para alguma dificuldade.

De olho em seu futuro profissional, o publicitário Lucas Henrique Pinheiro Ramos, de 21, também economiza. “Comecei a trabalhar com 15 anos e minha mãe sempre me orientou sobre a importância de guardar para ter”, lembra. Além de pagar suas despesas fixas e as variáveis, ele consegue guardar de 20% a 30% do salário. “Sou rigoroso com poupança e não mexo no que guardei”, revela. Por ter se formado novo, ele conta que tem uma série de anseios e que o dinheiro guardado poderá ajudá-lo a comprar um carro, casa e conquistar a tão desejada estabilidade financeiro. “Depois disso, devo começar a pensar na aposentadoria”, revela.

De acordo com o fundador da 
Academia do Dinheiro, o educador financeiro Mauro Calil, é importante que desde o primeiro salário o jovem poupe para iniciar a construção de um patrimônio que o sustentará no futuro. Ainda solteiros e morando com os pais, Calil alerta para uma meta de poupar ao menos 50% da renda. “Se puderem aumentar esse percentual para 60% ou 70%, melhor”, afirma. Com o aumento das conquistas – como casa própria e a chegada da família –, é interessante que os profissionais mantenham um percentual de poupança de 30% da renda e nunca menor que 10%. “Isso acelerará a conquista da independência financeira”, garante.

Sabrina Oliveira e Flávio Mesquita, da Horizontes Coaching, lembram que organizar-se financeiramente exige disciplina, que consiste em abrir mão do prazer imediato para conseguir algo maior no futuro, e este é o maior desafio para os jovens, de 19 a 35 anos. “Compras por impulso com certeza vão desorganizar as finanças do jovem e impedi-lo de realizar seus objetivos a médio e longo prazos”, alerta Sabrina. Entre as dicas, eles destacam a importância de definir objetivos financeiros no curto prazo (1 ano), médio prazo (1 a 5 anos) e longo prazo (mais que 5 anos) e poupar uma quantia, ainda que pequena, para diferentes metas (veja quadro).


Ewerson Moraes, professor de finanças da IBS Business School (IBS/FGV), alerta sobre a importância da educação financeira desde a infância e a necessidade de estabelecer um filtro no consumo. “Esse profissional consegue emprego ao sair da adolescência e entrar na vida adulta, momento que chamamos de época dos sonhos, e quer comprar o que não conseguia antes. No entanto, é preciso se precaver e imaginar o futuro”, diz. Para poupar, Moraes lembra que é preciso ter um objetivo. “Quem não tem motivo acaba gastando o dinheiro. Se não quiser ter uma casa ou carro, que pense no futuro. Como quer estar financeiramente daqui a 20 anos”, explica. Para começar a controlar o orçamento, o professor indica a anotação dos gastos em planilhas e evitar compras por impulso, além de manter uma poupança com disciplina.

APOSENTADORIA - Embora a última preocupação dos que chegam ao mercado de trabalho seja se aposentar, o consultor financeiro do site de educação financeira do Mercantil do Brasil Carlos Eduardo Costa explica a necessidade de poupar com vista a complementar a aposentadoria. “Com a expectativa de vida mais longa, o aposentado terá que viver mais tempo com a sua aposentadoria oficial, que tem se achatado”, afirma. Ainda de acordo com Costa, começar a se preparar ainda jovem resultará em menos esforços para o poupador. “Dessa forma ele terá o tempo a seu favor e os juros que farão o capital crescer. Se ele se preocupar com isso aos 40 ou 50 anos, o esforço vai ser maior e será mais difícil juntar um valor interessante”, alerta.

Segundo Costa, para esses jovens profissionais que começam a construir o seu capital, a poupança é o investimento mais indicado, já que não tem custo para o investidor. “Mesmo que não tenha remuneração boa (0,64% ao mês), é um bom instrumento para juntar capital”, garante. “Quando tiver um montante maior, aí sim o indicado é procurar outras formas de aplicação que tenham custos e liquidez interessantes”, avalia. O consultor ainda lembra que nos últimos anos o mercado financeiro se sofisticou e oferece produtos de acordo com o perfil e objetivos de cada investidor. “Se guardou para aposentadoria, o investimento tem de ser de longo prazo; se é para um intercâmbio que será feito em um ano, o investimento precisa ter liquidez melhor”, finaliza.

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