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segunda-feira, 24 de junho de 2013

A ORIGEM DA FESTA JUNINA

A festa de São João, hoje conhecida como a melhor festa do Norte e Nordeste do Brasil, não é brasileira, ela não nasceu em nosso país. Alguns estudiosos nos falam que ela tem sua origem relacionada a celebrações pagãs, muito antes do cristianismo e era realizada no solstício de Verão, que acontece no dia 21 de junho, no Hemisfério Norte, e tinha como finalidade, comemorar a colheita. Com o advento do cristianismo, as festas consideradas pagãs, tiveram novas vestimentas e foram assimiladas pela Igreja Católica, e passaram a serem festejadas com o nome de um santo. Nesse caso especifico o santo São João. Quando a Corte portuguesa veio para o Brasil fugindo de Napoleão Bonaparte, trouxe junto os festejo de São João, pois era uma festa de caráter devocional, e como todos sabem Portugal sempre foi um país muito católico. Em território brasileiro a festa de São João alimentou-se e ganhou novos elementos simbólicos que lhe deram um ar dramatúrgico. Podemos citar como exemplo a quadrilha junina. “Derivada da dança da nobreza cortesã francesa – há referências disso na quadrilha, como as expressões anarriê, anavantu -, ela não existe nas festas de São João em outros lugares do mundo”, afirma Edson Farias, sociólogo da Universidade de Brasília (UnB). 

O casamento caipira é um novo mecanismo acrescentado regionalmente, que tem como ponto principal do seu enredo a regionalidade. “Marcadamente, há uma cena tradicional nordestina: o pai é uma espécie de coronel, o noivo é um caipira, roceiro, sertanejo, mas também é um malandro; a noiva representa a virgem, e o pároco remete à figura do Padim Ciço”, explica Farias. Os folguedos, segundo ele, servem para integrar a população, que, em vez de ocupar uma posição passiva, de espectadora, participa, fazendo a festa. Outro personagem que demonstra a regionalidade nordestina é a figura do cangaceiro presente nas chamadas quadrilhas matutas, que seriam as “de raiz”, mais rústicas e sem coreografia – na verdade, passam por ensaios exaustivos como qualquer quadrilha contemporânea. De acordo com Elizabeth Christina de Andrade Lima, antropóloga da Universidade de Campina Grande, especializada em festas populares brasileiras, o São João teve início no Brasil como um evento privado. “Os senhores de engenho montavam a festa e convidavam amigos e agregados”, diz. 

Com o passar do tempo a festa foi crescendo, das comemorações familiares passou a inserir nas festividades da comunidade e por fim tornou-se publicas. Até pouco tempo o Brasil inteiro festejava o São João, mas aos poucos alguns estados foram recuando, hoje poucos são os que ainda festejam de maneira geral a festa junina. “No Nordeste, ela se aliou a elementos que lhe deram suporte, por exemplo, o forró. Além de contribuir para a definição de uma identidade regional, passou a ser um produto musical concorrido a partir do sucesso de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Marinês”, explica Farias. Ele afirma que, no final dos anos 1980, com uma redefinição da política nacional de turismo, mais descentralizada e com a ideia de potencializar recursos locais, as festas de São João – que na verdade representam todo o ciclo junino – se tornaram o principal foco de atração turística de muitas cidades nordestinas, como Campina Grande (PB) e Caruru (PE). “Não acredito que hoje exista uma perda de identidade. À medida que vão se introduzindo novos elementos, ela vai redimensionando sua cara, adquirindo outras feições, mas sem deixar de ser uma Festa de São João”, afirma. Hoje é o dia de São João e como nordestina, quero mesmo é dançar quadrilha, comer milho assado e beber licor de jenipapo. E VIVA SÃO JOÃO.

Texto de Maria José Gonçalves (Tia Nen) para a Coluna Tabocas
Psicóloga formada pela Universidade Salesiana de Vitória do Espirito Santo.

tianenreis@hotmail.com

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