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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Erros arrasadores


Não fomos educados para cometer erros, ao contrário, papai e mamãe sempre nos ensinaram a diferença entre o certo e o errado, para que fizéssemos o certo; se escorregasse, puxão de orelha. Em todos os outros setores e momentos da vida fazer tudo certinho faz parte da organização, da obediência, mantém o ritmo das atividades em perfeito andamento, tudo no seu devido lugar. Pessoas que estão permanentemente antenadas na ação correta costumam ser exigentes, ou perfeccionistas. E quando cometem um pequeno deslize, se corroem; se o tropeço é grande, querem arrancar as calças pela cabeça. Meu caso.
Imagine, por exemplo, a pessoa que envia um torpedo a alguém em especial, com um convite excitante para uma noite de sexo selvagem. E recebe em resposta: “Quem é você?”. E tem o cara que liga para a casa da namorada, é atendido pela sogra, mas confunde as vozes. Desmancha-se em declarações de amor, de desejo, de tesão incontido, de saudades dos mais variados pontos do corpo da amada, até ouvir do outro lado da linha “Fulano, aqui não é a Fulana; é a mãe dela.”.
Os casos acima não são fictícios. Aconteceram com dois amigos distintos, em épocas diferentes, mas são muito comuns. Tem gente que passa por isso e no máximo se dobra de rir. Outros querem enterrar a cabeça no chão, como meu amigo que travou o seguinte diálogo com um jornalista colunista social, de licença por motivos políticos:
_ Poxa Fulano, que chata esta sua licença. Sua substituta não é como você. A coluna não será a mesma enquanto você não voltar
_ Mas não há ninguém me substituindo. O nome que está lá é pseudônimo; sou eu mesmo. Não está gostando?
Erros arrasadores são comumente cometidos por quem é ‘boca aberta’. Falo deste povo (eu!) que desconhece a distância segura entre o que surge no cérebro e o que solta pela ponta da língua. Você já passou por isso: mete o chicote no nome de um desafeto qualquer e descobre que seu interlocutor é irmão do dito cujo, ou primo, ou filho. Aí não tem salvação. Quando é possível, neste caso, costumo manter o que disse. É mais honesto. Até porque não preciso esconder que discordo de opiniões e posturas deste ou daquele, e se não gostar, sinto muito. Em qualquer lugar do mundo em que eu esteja, o que penso permanecerá do mesmo tamanho.
E é preciso tomar cuidado sempre. Minha irmã presenciou duas mulheres falando horrores de um homem, numa conversa dentro do ônibus. Impossível não ouvir o que diziam, a ponto de minha irmã entender que o mal falado era parente nosso. É mole?
Pior é quando erros deste tipo são cometidos no trabalho, justamente entre pessoas que precisam ser polidas umas com as outras, onde nunca se deve dizer o que pensa, onde há meia dúzia de portadores de SPP por metro quadrado. Então, caro leitor, trata-se de campo minado. Qualquer passinho em falso e o pobre corre o risco de sair despedaçado. Não sobra espaço para rir dos próprios deslizes, por mais engraçados que sejam (e dependendo dos atores envolvidos, é espetáculo cômico garantido). Melhor manter a boca trancada e os braços cruzados. Pensar está liberado.

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