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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mulheres ficam mais dependentes de cocaína do que homens no país, revela mapeamento inédito


Ingrid Tavares Do UOL, em São Paulo
Os homens são maioria entre os usuários de cocaína e crack no país, mas as mulheres tomam a frente quando o assunto é vício. Dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas revelam que 54% das mulheres usuárias são dependentes da cocaína contra 46% dos homens que consomem a droga — índice trata da droga refinada e dos seus subprodutos, como crack, óxi e merla. O mapeamento foi feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 4.607 pessoas acima dos 14 anos em 149 cidades do país, de todas as classes sociais e escolaridades.
A psicóloga Clarice Madruga, coordenadora do estudo, aponta os hormônios femininos, em especial o estrógeno, como o fator principal desta mudança de comportamento. “Este hormônio potencializa os efeitos reforçadores da droga, a tornando mais prazerosa e, portanto, aumentando o seu poder de dependência.”
Patrícia Hochgraf, coordenadora do Programa Mulher Dependente Química do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, concorda quie a evolução da dependência da droga é mais rápida entre as mulheres, mas ressalta outros pontos para explicar o índice. “As mulheres têm algumas características que ajudam a criar essa maior dependência, é sabido que o cérebro das mulheres é mais vulnerável. Além disso, elas são, notoriamente, mais impulsivas e sofrem mais de compulsão do que os homens".
Carlos Salgado, psiquiatra da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), explica que nos ciclos estrogênicos, há uma disposição maior da mulher para a ação no ambiente, ou seja, para fazer mais atividades. "Quando sobe o nível deste hormônio, as mulheres ficam mais impetuosas. Mas a dependência é multideterminada, existem vários fatores para explicar esse dado: tem o ambiente, a questão cultural e a principal, a oferta maior da droga".
Mulheres mais tolerantes à droga
Como a facilidade de obterr cocaína ou crack, mais da metade das mulheres desenvolveu uma “tolerância” maior a esse tipo de droga, ou seja, 51% disseram que precisam de quantidades cada vez maiores da cocaína (tanto o pó refinado, quanto o crack) para chegar ao efeito desejado - o índice entre os homens não passa dos 40%.
Essa tolerância pode explicar o porquê de as mulheres cheirarem ou fumarem a substância com mais frequência do que o sexo oposto. Segundo o mapeamento, 40% das brasileiras entrevistadas alegaram usar diariamente ou ao menos mais de duas vezes por semana, já os usuários frequentes são 24% entre os homens.
Isso é um reflexo, diz Hochgraf, de uma mudança no perfil do consumo entre os sexos. “Antes, as mulheres mais velhas eram dependentes de álcool, e as mais jovens, de drogas. Mas, em menos de 5 anos, mulheres acima de 35 e 40 anos, casadas e com filho procuram o HC para tratamento da dependência de drogas. Mulheres com família viciadas em crack é um fenômeno muito recente e assustador”, conclui.

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