247 – Autor do livro “O sapo e o príncipe”, o jornalista Paulo Markun explicou por que as diferenças entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva jamais serão superadas. “Um gostaria de ser o outro”, disse Markun. FHC tem o reconhecimento intelectual, mas o povo não está com ele. Lula tem o povo, mas a elite conservadora torce o nariz para o operário que chegou à presidência e saiu com mais de 70% de aprovação (bem diferente do que ocorreu com FHC após seu segundo mandato).
Em disputas eleitorais, Lula e FHC já se enfrentaram duas vezes – em 1994 e em 1998 – e o tucano venceu ambas. A primeira, embalado pelo vento a favor do real. Ganhou, portanto, por obra do acaso. A segunda, ancorado na tese do medo. FHC aprovou a reeleição e, com o Brasil na marca do pênalti, sem reservas e nos braços do Fundo Monetário Internacional, vendeu a tese de que Lula quebraria o País. Dois meses após a vitória, FHC desvalorizou a moeda.
Lula perdeu as eleições, mas venceu a batalha pelo coração do povo. E acentuou a diferença com o antecessor quando disse, logo após sua posse, em 2003, ter recebido uma herança maldita – FHC dizia ter deixado um prato pronto e mastigado. Em entrevistas mais recentes, com Lula prestes a deixar o poder, FHC se queixava de jamais ter sido convidado para um café com seu antecessor.
Hoje, os dois estão de volta ao ringue. Não são candidatos (embora FHC tenha dito que estaria disposto a enfrentar Lula nas urnas novamente, quando os candidatos em São Paulo do PT e do PSDB ainda não estavam definidos), mas são os principais cabos eleitorais em São Paulo. FHC mergulhou de cabeça na campanha de José Serra, enquanto Lula trata a eleição de Fernando Haddad como questão de honra.
Os dois candidatos, que imaginavam se enfrentar no segundo turno, terão seu “mata-mata” agora, uma vez que Celso Russomano já parece ter garantido sua passagem para a grande final. Diante do quadro, a pergunta é simples. Em São Paulo, quem pode mais: Lula ou FHC?
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