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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

RS> Gari acha cheque em branco assinado e devolve ao dono

Lucas Azevedo 
Do UOL, em Porto Alegre
Um gari, que recebe menos de dois salários mínimos para trabalhar oito horas por dia, seis dias por semana, deu uma prova de honestidade e nobreza. Enquanto varria as ruas de Uruguaiana (649 km de Porto Alegre), na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, ele achou um cheque, em branco e assinado. Mais que depressa, o rapaz de 25 anos, pai de dois filhos, fez o que deveria ser natural a qualquer pessoa: devolveu ao dono.
A tarde da última segunda-feira (6) já chegava ao fim, quando Darson Pereira, um jovem pai de família, que sustenta a mulher, 24, e o casal de filhos, de três e cinco anos, contava as horas para ir pra casa. Como faz de segunda a sábado, ele acorda cedo para ir ao trabalho.
Às 7h em ponto, de vassoura na mão, inicia a extenuante jornada de varredor de rua, trabalho pouco valorizado pelos outros, e admirado menos ainda. Enquanto juntava o lixo deixado pelos pedestres no centro da cidade, perto do camelódromo, por curiosidade resolveu abrir dois papéis dobrados que lhe chamaram a atenção. Além do cheque em branco havia outro, também assinado e preenchido, com o valor de R$ 150. Desconfiado, arrumou os papéis, olhou para os lados e os guardou no bolso.
Só mais tarde, depois das 18h, de volta à empresa para a qual trabalha, é que Pereira pegou novamente os cheques e entregou nas mãos de seu supervisor. Na frente do gari, Márcio Grassi estudou o material e puxou o celular para comunicar o escritório da Secretaria Estadual da Educação na cidade, que poderia entrar em contato com o dono dos cheques, uma escola.
Pereira já teve outros empregos. Diz que é gari por “bênção de Deus” – lida que completou onze meses nessa terça-feira (7). Religioso, disse ter pedido aos céus uma oportunidade melhor do que a de servente de pedreiro, último trabalho que exerceu.
O gari diz que a fama revelada no início desta semana pelos meios de comunicação locais fez com que ele descobrisse amigos que nunca imaginou ter. “Agora as pessoas passam por mim e me dão oi.”

Outro caso

Em três dias, foi a segunda vez que um gari agiu da mesma forma em Uruguaiana. Na última sexta-feira (3), Rafael Silva, 28, varria a calçada de uma agência do Banco do Brasil quando viu uma senhora deixar uma casa lotérica com pressa, levando três crianças.
Ao deixar a agência, ela não percebeu que os R$ 300 recém-sacados com o cartão do Bolsa Família havia ficado para trás. Na hora, Silva, pai de quatro filhos pequenos, juntou o dinheiro, correu e alcançou a dona para devolvê-lo a ela. 

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