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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cientistas descobrem nova espécie de dinossauro que viveu há 95 milhões de anos no MA

Aliny Gama Do UOL, em Maceió
Pesquisadores encontraram fósseis de um dinossauro bípede carnívoro cuja espécie nunca foi encontrada no Brasil. A descoberta foi feita em julho, na Ilha do Cajual, no município de Alcântara, na região metropolitana de São Luís. O resultado do trabalho foi publicado na revista científica internacional Cretaceous Research, da Inglaterra.
A descoberta ocorreu após cinco anos de análises em fósseis de nove dentes pertencentes a uma espécie desconhecida de dinossauro, que foram retirados de uma pedra da Laje do Coringa. O material foi recolhido durante coleta de fósseis feita por estudantes de graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
O resultado da pesquisa mostra que existia uma diversidade bem maior de espécies de dinossauros que habitaram a terra. “Após estudo minucioso, envolvendo a cooperação de cientistas brasileiros e norte americanos, chegou-se à conclusão de que se tratava de um novo grupo de dinossauros terópodes (bípedes carnívoros) documentado no Brasil”, disse ao UOL o paleontólogo Rafael Lindoso, doutorando do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo Lindoso, a Ilha do Cajual possui um dos mais importantes sítios fossílíferos (não arqueológico) e “reúne a maior concentração de ossos de dinossauros por metro quadrado que qualquer outro em território nacional.”
Após as análises, os pesquisadores também descobriram que o animal pertence ao grupo dos noassaurídeos, mas a espécie não recebeu nome devido à quantidade insuficiente de material fóssil. Os fósseis do dinossauro brasileiro estão guardados na coleção paleontológica da UFMA.
“Serão necessários novos achados em melhor estado de preservação para que possamos batizar a nossa espécie. Entretanto, as informações reunidas até o momento nos permite afirmar que se trata de um novo grupo de dinossauros identificado no Brasil, conhecido como Noassaurídeos, e um dos mais antigos do mundo”, explicou o pesquisador.
A pesquisa mostrou que o animal era de uma espécie rara e tinha uma dentição incomum entre os dinossauros carnívoros com “bordas serrilhadas que percorriam a face lateral dos dentes, e não a região anterior e posterior, como comumente se observa na grande maioria dos dinossauros carnívoros.” A provável dieta do noassaurídeo brasileiro era à base de peixes. 
Segundo o paleotólogo, devido à fragilidade do esqueleto do noassaurídeos, foram raras as descobertas de fósseis do grupo. Entretanto, foram registrados achados na Europa, África, América do Sul, Índia e Madagascar.
Diversidade
A idade do fóssil do dinossauro brasileiro foi determinada pela idade da pedra em que os dentes do animal foram encontrados, que é de 95 milhões de anos. O fóssil é um dos mais antigos e maiores do grupo de noassaurídeos já encontrado na América do Sul.
“As rochas que afloram no litoral maranhense foram datadas a partir da década de 1960, através de estudos e levantamentos realizados pela Petrobras. Desse modo, todo fóssil encontrado nessas rochas possuem a mesma idade desta”, afirmou o pesquisador.
Para o cientista, a descoberta da nova espécie “representa um avanço no conhecimento dos dinossauros do Brasil e do mundo.” “Nos permite estabelecer novas teorias acerca dos movimentos e distribuição dos continentes no passado e, consequentemente, do clima. Adicionalmente, a evolução desses incríveis animais passa a ser entendida sob uma nova ótica, incluindo espécies que habitavam o Nordeste brasileiro”, ressaltou Lindoso.
De acordo com o paleontólogo, os dentes do dinossauro encontrado no Maranhão são de pequeno porte –apesar de ser considerado um dos maiores dos Noassaurídeos. “A espécie foi identificada analisando-se outros fósseis de dinossauros carnívoros no mundo, buscando semelhanças e diferenças em dentes de várias espécies que permitissem classificar o novo achado. Após esse estudo, constatou-se notável semelhança da espécie brasileira com uma de Madagascar, conhecida como Masiakasaurus knopfleri.” 
O resultado foi reforçado com o estudo comparativo de idade dos espécimes e a distribuição geográfica. “O novo achado deveria se encaixar em um cenário, atualmente aceito pelos paleontólogos, de que esses animais viveram em massas continentais reunidas no hemisfério sul (Gondwana) e durante o período Cretáceo, entre 145 e 65 milhões de anos atrás. Chegamos a conclusão de que a descoberta brasileira se encaixa perfeitamente nesse cenário”, afirmou Lindoso. O Gondwana correspondente ao que é hoje a África, América do Sul, Antártica, Austrália e Indo-Madagascar.
Segundo o pesquisador, o ambiente Cretáceo nas terras de Gondwana tinha por característica um estuário, com a presença de “rios enormes desaguando no mar, vegetação luxuriante em meio a um clima árido. Foi a época de surgimento do Atlântico Sul, quando apareceram os primeiros golfões e as elevações do nível do mar assolavam o litoral.” O cenário era de transformação e a ocorrência de terremotos e chuvas eram constantes que criavam novos habitats de espécies animais e vegetais.

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