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domingo, 15 de julho de 2012

PF acusa Perillo de cobrar R$ 500 mil da Delta

Relatório da Polícia Federal acusa o governador de Goiás, Marconi Perillo, de cobrar propina de R$ 500 mil para liberar pagamento de faturas da Delta Construções, um dos alvos principais da CPI do Cachoeira. A transação entre o governador e a empreiteira estaria embutida na venda de uma casa de Perillo ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segundo informa a revista “Época” desta semana. O relatório, amparado em gravações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, já teria sido enviado à Procuradoria Geral da República e deve ser encaminhado também à CPI.

A partir das novas informações, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Onix Lorenzoni (DEM-RS) acham que Perillo deve ser chamado para depor novamente à CPI. Teixeira entende que são fortes os indícios de envolvimento do governador com a organização de Cachoeira e com supostas irregularidades da Delta.

"Ele mentiu à CPI quando estava comprometido em dizer a verdade. Isso indica que ele já cometeu um crime. É gravíssimo. Ele terá que ser reconvocado", disse Teixeira.

Para Randolfe, os fatos são graves e complicam ainda mais a situação do governador:

"Ficou patente para mim que Perillo faltou com a verdade. Por isso considero que passa a ser quase inevitável reconvocá-lo".


Segundo a revista, gravações da Polícia Federal mostram que Perillo fez um acordo com Cachoeira para liberar sem atrasos pagamentos de um contrato da Delta com o governo. Em contrapartida, receberia R$ 500 mil acima do valor da casa que seria vendida ao bicheiro. A polícia chegou a essa conclusão ao analisar conversas telefônicas entre Cachoeira, o ex-vereador Wladmir Garcez (PSDB), uma espécie de secretário informal de Perillo, e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste. A polícia descobriu também que as datas de pagamento da casa coincidiam com desembolsos para a Delta.

Boa parte da transação foi captada em 1º de março do ano passado. Cachoeira pede a um sobrinho que emita três cheques, dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil, para que sejam entregues a Perillo no Palácio das Esmeraldas, sede do governo, a título de pagamento da casa. Antes da despachar os cheques, Cachoeira avisa a Delta sobre o pagamento. Momentos depois, Garcez, que estava no palácio, confirma o recebimento dos cheques. Numa outra conversa, 12 minutos depois, Cachoeira cobra a liberação da fatura.

"O trem da Delta, aqueles nove milhões que o estado tem que pagar. Você levou para mostrar para ele (Perillo)?", pergunta Cachoeira.

"Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois, zero, quarenta e três", responde um solícito Garcez.

Num outro diálogo, depois de dizer a Cachoeira que estava entregando os cheques para Perillo, Garcez informa a Cláudio Abreu que os problemas da Delta não existem mais.

"(Perillo) falou que vai resolver", disse o assessor e, em seguida, reproduz uma suposta fala do governador: "não, pode deixar que isso aqui eu resolvo".

Segundo a "Época", o problema foi resolvido. No mesmo dia, 1º de março, o governo de Goiás liberou R$ 3,2 milhões para a Delta. Em 25 de março, menos de um mês depois, liberou mais R$ 3,2 milhões. Cachoeira comprou a casa de Perillo e depois decidiu repassar o imóvel para o empresário Walter Paulo por R$ 2,1 milhões por receio da repercussão que o negócio com o governador pudesse ter caso viesse a público.

Em depoimento à CPI, Perillo negou qualquer relação com Cachoeira e com a Delta, e disse que a casa, uma mansão no condomínio Alphaville, foi vendida a Walter Paulo e não ao bicheiro, como já apontavam alguns parlamentares da comissão. Áudios divulgados pelo GLOBO já colocavam em xeque a versão do governador. Agora, o relatório da PF deixa Perillo numa posição mais desconfortável.

"A CPI vai ter que se debruçar sobre essa situação. Confirmado isso que está sendo publicado pela revista, pode se pensar na hipótese de uma nova convocação do governador", disse Lorenzoni.

Em nota divulgada no fim da tarde, Perillo negou que tenha recebido dinheiro da Delta. O governador argumenta que outras empresas também receberam pagamentos do governo e que não seria correto estabelecer um vínculo entre desembolsos para a Delta e o desconto dos cheques da venda da casa. "Procurar estabelecer ligação entre três pagamentos feitos à Delta de uma série continuada de outros pagamentos (conferir em transparencia.goias.gov.br) é uma atitude de má-fé, leviana e irresponsável", diz Perillo.

Agência O Globo

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