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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Deputado federal admite que negociou emenda


João Carlos Bacelar: segundo Medrado, o deputado do PR da Bahia recebeu emenda de R$ 2 milhões
Foto: Câmara dos Deputados / DivulgaçãoO deputado federal Marcos Medrado (PDT-BA) confirmou nesta segunda-feira que negociou com o colega João Carlos Bacelar (PR-BA) a destinação de uma emenda individual ao Orçamento da União para um município da base eleitoral de Bacelar. Segundo Medrado, a emenda, de cerca de R$ 2 milhões, teria sido entregue ao colega em troca do apoio de um prefeito do interior à sua campanha eleitoral:
Posso estar errado, mas o que ocorreu foi que, na campanha passada, fui votado no município de Teofilândia. O prefeito não queria mais votar nele (Bacelar) e votou comigo. Mas aí ele me pediu: “Olha, combine com o deputado Bacelar e destine para ele o mesmo valor que ele deu pra cá, de aproximadamente R$ 2 milhões” — explicou o deputado.
Medrado foi o deputado mais bem votado
Marcos Medrado foi, de fato, o deputado mais bem votado na cidade, com 3.561 votos. Já Bacelar teve apenas 20 votos. A prova inequívoca do poder financeiro da negociação é a comparação com o pleito anterior, de 2006. Nele, Bacelar tinha sido o terceiro deputado mais votado da cidade, com 493 votos, e Marcos Medrado conseguira três votos.
Teofilândia era então um reduto de Fernando de Fabinho (DEM-BA), ex-deputado que figura na tabela usada por Bacelar para acompanhar emendas parlamentares destinadas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf). Como não concorreu na eleição de 2010, Fabinho deixou na cidade o espólio de seus 4.046 votos obtidos em 2006. Após o acerto com Bacelar, Medrado herdou esse capital. Medrado nega, no entanto, que tenha havido negociação financeira envolvendo as emendas.
— Não faço isso de vender emenda e nunca fiz. Eu compensei ele (sic) em outra cidade com uma emenda do mesmo valor da que ele tinha dado para lá. Fiz isso porque o prefeito tinha compromisso com o Bacelar e aí compensei em outros municípios — afirmou Medrado.
No último domingo, O GLOBO revelou a existência de um esquema de venda de emendas na Câmara dos Deputados. Segundo a ex-mulher de Bacelar, Isabela Suarez, filha de um dos maiores empreiteiros da Bahia, o deputado comprava emendas de vários parlamentares que o procuravam em busca de recursos para campanha.
Bacelar tinha, inclusive, uma tabela pela qual acompanhava os recursos enviados por dois deputados — Geraldo Simões (PT-BA) e Marcos Medrado — e um ex-deputado federal, Fernando de Fabinho. Isabela contou à irmã de Bacelar, Lílian Bacelar, que Geraldo Simões seria um dos deputados federais que venderam emendas para o ex-marido.
De acordo com a tabela, Medrado havia enviado duas emendas para cidades onde Bacelar foi o deputado mais votado: R$ 2 milhões para Canarana e outros R$ 2,5 milhões para Ibipeba. Procurada, a Codevasf, que recebeu os recursos, informou que Medrado alterou, no fim do ano passado, o destino do dinheiro dessas cidades para o município de Paramirim.
— Quando surgiram as denúncias com ele no ano passado, disse para ele que ia tirar as minhas emendas de lá e colocar nas minhas bases — explicou Medrado, referindo-se às revelações feitas ano passado pela revista “Veja”, de que Bacelar destinava emendas parlamentares para prefeituras, que contratavam posteriormente a empreiteira de sua família, a Embratec, para realizar as obras.
O balcão de negócios envolvendo as emendas parlamentares poderá começar a ser investigado ainda esta semana na Câmara dos Deputados. O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), entregará hoje ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), um memorando de cinco páginas pedindo que ele solicite à Corregedoria a apuração do esquema. O deputado pede também que a Câmara apure as acusações de direcionamento de emendas parlamentares para a construtora da família de Bacelar.
Deputado quer apurar quebra de decoro
“As denúncias são gravíssimas e impõem à Corregedoria da Casa a devida apuração com a adoção das medidas cabíveis, no curto prazo que a gravidade do caso requer, a fim de coibir tais práticas, preservar a imagem da Câmara dos Deputados e punir possível quebra da ética e do decoro parlamentar”, diz o memorando. De http://oglobo.globo.com/

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