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domingo, 22 de abril de 2012

Parlamentares ligados a Cachoeira usam amizade como defesa

Os cinco deputados que já apareceram em diálogos ou relação suspeita com Carlinhos Cachoeira e serão investigados pela CPI mista têm em comum o fato de não pertencerem à elite da Casa, não estarem entre os mais influentes do Congresso.

Os goianos Carlos Alberto Leréia (PSDB), Sandes Júnior (PP), Rubens Otoni (PT) e Stepan Nercessian (PPS), eleito pelo Rio, não ocupam cargos de comando e não tiveram destaque significativo nesta legislatura, a não ser agora, de forma negativa. A exceção fica por conta do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), conhecido por seu bom trânsito no chamado baixo clero da Casa.
Leréia, Sandes Junior e Stepan dizem que estão tranquilos e querem ser ouvidos pela CPI. Otoni e Jovair, procurados pelo GLOBO, não retornaram a ligação, mas têm dito que também não temem a investigação.
Figura constante na lista dos 100 mais influentes do Congresso do Diap, o Departamento Intersindical de Avaliação Parlamentar, Jovair Arantes é homem dos bastidores, se situa muito bem no jogo político da Câmara, atua com força na escolha dos presidentes da Casa por transitar bem no baixo clero. Faz, abertamente, a defesa pela liberação das emendas parlamentares. Indicou nomes para o governo federal, como ex-diretor da Conab, Evangevaldo dos Santos, que caiu por suspeita de irregularidade, e tem na sua conta de indicação também o ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Denucci.
Jovair responde a processo por improbidade administrativa na 9 Vara da Justiça Federal em Goiás por suposto tráfico de influência no INSS. Agora no escândalo envolvendo Cachoeira, o petebista foi um dos primeiros a defender sua grande amizade com o bicheiro.
O tucano Leréia é conhecido como a “metralhadora” do governador de Goiás, o também tucano e seu amigo de infância, Marconi Perillo, que o escala para atacar adversários. Entre os cinco, é o que mais parece comprometido com o esquema de Cachoeira.
Leréia tem dito que a única maneira de escapar é dizendo a verdade, pois sua relação com Cachoeira, a quem chama de Carlinhos, era íntima e de amizade.
— Estou tranquilo e disposto a falar. Sou amigo pessoal do Carlinhos desde 87, não é algo escondido, é público. Tive ajuda eleitoral sim. Todas as minhas relações com Cachoeira não tenho dificuldade em explicar. Sou responsável pelos meus atos, e ele pelos dele. Não me compete dizer se é certo ou errado (o que ele faz). É meu amigo e, na dificuldade, sou mais amigo ainda. Sou da roça — disse Leréia. — Como vou dedar alguém? Muito menos meu amigo. Não me cobra (sic) isso. Claro que ele já me fez favor e eu já fiz favor para ele.
Sandes Junior, radialista famoso em Goiás, atribui a eleição para sete mandatos, três como federal, à audiência no seu programa matinal, que, diz, foi o que o aproximou de Cachoeira, em 2000. Fã do programa, Cachoeira quis conhecê-lo.
O deputado descreve a relação como “social e não de negócios” e a compara à amizade do bicheiro Anísio Abraão com políticos e artistas no Rio.
— Nas festas dele iam todos os homens ricos de Goiás. Era 'o homem'. E ir para as festas dele era como ir ao ensaio final da Beija-flor. Não sou eleito por grupos, mas pela audiência do meu programa — diz Sandes Junior, garantindo que não se arrepende da amizade. — Não sou hipócrita não. Supor (que era bicheiro) é uma coisa, ter certeza é outra. Ele dizia que tinha cassino em Miami, é dono de laboratório, hotel na Disneylândia. Não falava sobre caça-níquel e nem eu perguntava. Estou tranquilo e vou continuar sendo amigo dele.
Em seu primeiro mandato na Câmara, o deputado-ator Stepan Nercessian quer falar na CPI e torce para que os diálogos grampeados com Cachoeira apareçam, pois, afirma, provarão que a ligação entre os dois é apenas de amizade. Rearfirma que sequer usou o dinheiro e o devolveu em 48 horas.
— Minha vida inteira conheci pessoas em todos os níveis sociais. Não sou cúmplice de nada, não me envolvo, mas nunca deixei de ser amigo. Socialmente, sou artista, tiro retrato. Eu nunca fui hipócrita. Não me arrependo. Não pedi dinheiro a uma organização, mas a um amigo. Eu sabia que Carlinhos tinha seus negócios, mas não sabia que ainda estava envolvido com jogo.
Ainda há um sexto deputado: no Conselho de Ética da Casa, o PSDB fez uma representação contra o Delegado Protógenes (PC do B-SP), flagrado em gravação com Idalberto Matias, o Dadá, funcionário de Cachoeira para ações de “arapongagem”. Protógenes alega que as conversas ocorreram no contexto da Operação Satiagraha, da qual ele participou. De http://oglobo.globo.com/

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