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domingo, 22 de abril de 2012

Médicos ainda desconhecem causa do Vitiligo

Depois de 30 anos convivendo com o diagnóstico de vitiligo, a comerciante Maria Júlia de Oliveira, de 56 anos, ainda não conseguiu solução para as manchas brancas que se espalham por todo o seu corpo. Durante esse tempo, foram muitas as tentativas infrutíferas de estagnar o problema mas a doença ganhava força, tomando cada vez mais espaço na superfície da pele.

Embora não cause dor ou qualquer outro incômodo que não o estético, Maria Júlia teve que aprender a lidar com os impactos emocionais da doença. Ela conta que passou por situações extremamente constrangedoras, percebendo o preconceito das pessoas e o medo equivocado de se contagiar. “Muita gente me olhava atravessado, evitavam se aproximar. No início, eu ficava com vergonha, me sentia triste. Mas acabei aprendendo a lidar com os inconvenientes. Aceitei a doença e já desisti até de me tratar. Para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) como no meu caso, é tudo muito desgastante. Já é difícil conseguir consulta com um especialista. O acesso a tratamentos que incluem cabines a laser é praticamente impossível”, lamenta.

As opções são, de fato, restritas. Segundo o dermatologista Jackson Machado Pinto, chefe da Clínica Dermatológica da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e coordenador da disciplina de dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, pelo SUS, somente três centros na capital mineira oferecem tratamentos com as cabines de raios ultravioleta. Na Santa Casa, por exemplo, a fila de espera é sempre grande e os pacientes acabam tendo que aguardar longamente por atendimento.


Sem causa definida e conhecida de perto por cerca de 1% da população, o vitiligo não escolhe idade nem sexo para se instalar, podendo atingir igualmente homens e mulheres. O problema é caracterizado pela ausência de melanina na pele, que dá pigmentação ao tecido, por destruição ou inativação dos melanócitos, células da pele responsáveis por produzir a melanina. De acordo com a dermatologista Ivana Oliveira, embora não se conheça exatamente as causas do problema, algumas teorias são usadas pelos especialistas. Muitos acreditam que a origem seja genética, já que um terço dos pacientes relatam outros casos na família.

A teoria de que o vitiligo seja uma doença autoimune é uma das mais compartilhadas. Nesete caso, considera-se que alterações do sistema imunológico poderiam resultar na destruição dos melanócitos. A tese é reforçada na observação de que o vitiligo costuma vir associado a outras doenças autoimunes, como o hipotireoidismo, lupus, anemia perniciosa e alopecia areata. “O que se sabe, com certeza, é que o estresse costuma ser o maior gatilho para o surgimento da doença”, explica Ivana.

A evolução ou extensão do vitiligo depende de cada pessoa. Na maioria dos casos começa com uma mancha em uma pequena área e com o passar do tempo podem surgir em outras regiões. Em algumas pessoas, o problema permanece estável por longos períodos ou ocorre ocasionalmente um aumento das lesões. De forma mais rara, pode ocorrer inclusive repigmentação espontânea.

Os tratamentos atuais podem ajudar no controle e até reversão do problema, dependendo de quando as intervenções forem iniciadas. Jackson Machado afirma que quanto mais precocemente o problema for detectado e tratado melhor será o resultado. Os tratamentos são baseados no aspecto clínico das manchas e na história da evolução da doença. Raramente é necessário exame específico para diagnóstico, porém é fundamental afastar doenças que podem estar associadas ao vitiligo (como o hipotireoidismo), e para isso pode ser necessária a realização de exames laboratoriais. Existem ainda lâmpadas especiais que podem ser usadas para facilitar o diagnóstico.


Por dentro da patologia

O que é vitiligo?
O problema é caracterizado pela ausência de melanina na pele por destruição ou inativação dos melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina, que é a substância que dá cor à pele. O problema acomete cerca de 1% da população mundial, atinge todas as raças e ambos os sexos, em qualquer idade. Em cerca de metade dos casos, ele aparece antes dos 20 anos de idade.

Qual a causa da doença?
As causas ainda não são bem conhecidas e existem muitas teorias em torno disso. A mais compartilhada é a teoria da autoimunidade. Considera-se que, devido a alterações no sistema imunológico, haveria destruição dos melanócitos. A tese é reforçada pela concomitância do vitiligo com outras doenças autoimunes, como hipotireoidismo, diabetes, anemia perniciosa e alopécia areata. Também existe a teoria da convergência, segundo a qual a combinação das várias teorias explicaria o problema. O vitiligo poderia, então, ser um sinal ou parte de condições de origens diversas que apresentam em comum a destruição ou inativação dos melanócitos.

Quais são os sintomas?
O problema caracteriza-se pela presença de manchas brancas, bem delimitadas, de tamanho e número variáveis, localizadas em qualquer parte do corpo. É comum que apareçam na região genital e em áreas de trauma como mãos, cotovelos, joelhos e pés. Existem três tipos de vitiligo: o localizado, quando atinge pequena área; segmentar, quando atinge apenas um segmento do corpo; generalizado, quando atinge áreas mais extensas; ou universal, quando acomete mais de 75% da superfície da pele.

O que é uma doença autoimune?
Condição em que o sistema imunológico de um indivíduo reage contra o próprio organismo ou determinado órgão por meio da produção de autoanticorpos. Doença autoimune não significa deficiência imunológica. No caso do vitiligo o sistema imunológico reconhece os próprios melanócitos como células estranhas e as atacam, levando à sua destruição ou inativação.

>> Tratamentos

> Não há como prevenir as lesões de vitiligo ou a progressão da doença,
mas é possível tratá-la. Uma das primeiras medidas é tentar repigmentar a pele, estimulando as células com a exposição aos raios ultravioleta. É possível expor apenas a mancha, quando o problema é localizado, ou o corpo todo, quando o vitiligo atinge uma grande superfície da pele. Para esses casos existem cabines de raios ultravioleta. Outra opção é o uso de remédios para aumentar a sensibilidade à radiação.

> No caso de manchas localizadas também é possível usar um laser específico, o excimer laser. As lesões recentes repigmentam-se com mais facilidade. A existência de pelos pretos na mancha sugere bom prognóstico. Peles mais escuras respondem melhor ao tratamento.

> Medidas tópicas que incluem o uso de pomadas, cosméticos e autobronzeadores também podem ser indicadas.

> Para quem apresenta as formas estáveis da doença, existe a opção cirúrgica. Trata-se do implante de melanócitos em pequenos fragmentos de pele na área do vitiligo. Como o procedimento é bastante sofisticado, poucos profissionais estão habilitados a realizá-lo.

Esta reportagem foi sugerida pela leitora Sandra Mara Almeida.
Envie sugestão de temas para saude.em@uai.com.br .Do Estado de Minas

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