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terça-feira, 24 de abril de 2012

CARAVELAS-BA: Mulher que teve pernas amputada pelo marido conta tudo...

Esta é Maria Aparecida Bertoso, 38 anos, moradora de Caravelas, que no dia 17 de março deste ano, teve as duas pernas amputadas pelo marido. Cidinha como é carinhosamente chamada por toda equipe do hospital, recebeu a reportagem do sulbahianews.com.br no leito de hospital onde estava internada há mais de trinta dias e contou os horrores vividos naquele fatídico dia em que comemorava trinta e oito anos de vida. Segundo Maria Aparecida, ela vivia maritalmente com seu carrasco há seis anos, e nesse tempo ela sempre fora agredida pelo marido. Ciúmes, segundo ela, era o que motivava seu companheiro a agredí-la. Naquele dia a briga começou porque Maria Aparecida resolveu colocar MegaHair (cabelo postiço), o que não agradou seu marido.
“Aconteceu que na sexta-feira, eu cheguei em casa do trabalho de bicicleta, ai eu falei pra ele que ia botar o cabelo. Começou lá em casa, ai ele falou que eu não ia colocar o cabelo, eu falei eu vou sim, eu já comecei. Antes disso, pela manhã, ele já tinha me batido de cabo de vassoura, ele já me batia e ameaçava minha família, eu não podia sair trabalhar que ele me seguia. E ele vivia me dizendo que ia pegar minha mãe. Eu tenho foto que ele me bateu e eu levei para a delegacia, meu patrão também tem. (o patrão é o advogado Dr. Márcio Calmon).
Com ciúmes de mim, que ele não gostava que eu trabalhasse e não queria que eu fosse na casa de minha mãe, eu errei porque fui pra Linhares, para casa da minha irmã e voltei por causa de umas coisas minhas. Só que quando eu voltei, eu achei que ele tinha mudado, que não ia fazer nada comigo, e ele só queria que eu trabalhasse na roça com ele. Ele não queria que eu ficasse dentro da cidade. Ele mexe só com lavoura, com roça, (quando perguntamos a idade do marido ela nos disse que no mínimo ele deve ter uns 58 anos, é mais velho do que eu. No dia que aconteceu na sexta-feira, eu fui botar o cabelo e voltei pra casa de madrugada, lavei os pratos, ele me mandou entrar para dentro da casa. Eu falei não vou ficar aqui porque você quer me pegar. Ele ‘não, não vou fazer nada com você, não’. Isso de sexta para sábado de madrugada, eu entrei dentro de casa, e estava lavando os pratos, ele foi para o fogão fritou galinha caipira. Ai, ele falou: “Come, come que eu vou te matar”. Eu, - que nada, cão que late, não morde. Ele falou: “Você está duvidando?”. Eu falei:
“Tonho, você só me pega para bater a traição, você nunca me bate pela frente”. Eu lavei os pratos tudo, e ele lá no fogão, eu fui lá fora fechar a torneira. Ele veio com a foice. Ele: “Eu vou te matar, só não vou te matar. Vou cortar suas pernas”. E eu: “Por que? O que eu te fiz?” Ele: “Você vai saber depois porque você não vai ter oportunidade para correr para canto nenhum mais e nem sair”. No que ele distraiu, eu saí correndo, só que eu não aguento correr, e corri até a casa da vizinha. Pedi para ela abrir o portão, ela não abriu, ele veio por traz de mim e eu não vi, a meninazinha falou: ‘Cida, olha lá seu pé’. Porque ele já tinha rumado o foice e eu não tinha visto, eu não senti nada, um cortou na hora e outro ficou pendurado só na pele. Ele me pegou pelos cabelos e me jogou dentro do mato. E eu falei para ele: Então, você me mata logo. Ele pegou a faca e começou a me esfaquear, foram umas quatro facadas e na última ele veio dar no pescoço. Eu botei a mão, eu pedindo para ele me matar e ele dizendo que não ia me matar. Tinha um monte de gente, uns conhecidos meus e ninguém me ajudou, ninguém me socorreu. Eu achei que ele achou que eu estava morta. Ele acendeu um cigarro, pegou a foice e colocou nas costas e foi direto para casa, quando ele fez isso, ele estava de bermuda e chinelo. Ele foi para casa, trocou de roupa, calçou uma bota e fugiu pelos fundos. Ninguém me socorreu, eu só pedi para chamar o SAMU, chamou. Minha mãe falou que chamou a polícia. Só que o delegado não fez nada. Porque na hora que chamaram a polícia ele falou que não ia lá porque ele estava com a foice dentro da casa. O pessoal da rua e a polícia nem se aproximou, ninguém me socorreu. Desde quando eu estava caída lá, a viatura nem apareceu, o único que apareceu lá e me socorreu foi o SAMU. Antes disso, eu sofri uma agressão porque ele bateu em uma mulher, o delegado mandou intimá-lo, eu estava trabalhando, mandou me intimar. Ele teve lá; conversou com o delegado e o delegado não o prendeu.
Agora, eu não estou preocupada tanto com as minhas pernas, estou preocupada com a segurança da minha mãe, da minha família, porque ele falou uma coisa e deixou bem claro que enquanto eu estivesse viva, ele ia voltar para me pegar, porque eu não ia ser dele e não podia ser de ninguém. E a polícia de lá não faz e não fez nada, e minha mãe soube notícia que ele estava em Acabaça, ligou para o delegado de Caravelas e o mesmo falou para ligar para o distrito de Alcobaça e eles não fizeram nada e foi lá em Caravelas que tudo aconteceu. Minha mãe me levou para o hospital de Caravelas e como eu tinha perdido muito sangue, me trouxeram para cá.
Vou fazer um mês que estou aqui. Eu vou para casa de minha mãe, e até agora eu estou levando tudo na graça, na brincadeira, mas eu sinto falta das minhas pernas. Eu quero justiça! Um policial da CAEMA veio aqui e me perguntou onde ele estava, eu falei que soube notícia que ele estava no farol em Alcobaça nos Sem Terra, ele me perguntou sobre o que eu quero, e eu quero justiça porque ele já esfaqueou minha prima, já matou um cunhado dele. Eu espero justiça porque ele falou um dia que polícia nenhuma ia pegar ele. O nome dele é Antônio da Conceição da Silva. Amor, amor acabou! O que eu sinto dele agora é raiva. E eu não Gostava dele. Eu protegia minha família, ele falava de matar minha mãe. Ele falava que no dia que eu saísse de casa e pegasse minhas coisas, ele ia matar minha mãe. Eu tenho medo de voltar em Caravelas e ele fazer o pior com a minha família.”
Este é o relato de uma jovem mulher, negra, linda, cheia de vaidades que teve as pernas amputadas pelo marido que sem dó nem piedade usou de uma foice para privá-la de andar. O que choca é o descaso da polícia que nada faz para colocar o bandido na cadeia.
Encerramos nossa entrevista com Maria Aparecida agradecendo ao atendimento recebido no hospital e o carinho com que está sendo tratada por toda a equipe. Tiramos uma lição disso tudo, que mesmo sem as duas pernas Maria Aparecida ou Cidinha ainda acredita na vida, mesmo desacreditando na justiça ou na polícia. Fonte: http://www.sulbahianews.com.br/ver.php?id=13356#

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