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segunda-feira, 12 de março de 2012

ILHÉUS-BA: PM fala, em carta enviada a deputado federal sobre decepção com o PT

O líder da greve da polícia militar em Ilhéus, soldado Augusto Júnior, enviou uma carta ao deputado federal Geraldo Simões (PT). Augusto fala sobre a luta da categoria e principalmente sobre a decepção com o Partido dos Trabalhadores (PT).
Leia a carta na íntegra:
Gostaria de solicitar ao Senhor Deputado Federal Geraldo Simões, no qual inclusive eu votei na última eleição a pedido do meu pai, que não me enviasse mais os seus boletins informativos, uma vez que estou cansado de receber na minha caixa de e-mail muita mensagem arraigada de demagogia política, cujo único objetivo é a perpetuação de um grupo no poder de modo que nada nem ninguém, possa se opor ou desafiar a hegemonia desse grupo, nem mesmo o bem-estar do povo ou dos trabalhadores da segurança pública, por exemplo, o governado do Estado da Bahia mostrou isso na prática, inclusive sendo aplaudido de pé pelo senhor, acompanhei os seus posicionamentos, não precisava ser a favor, mas não tinha o direito de ser tão veementemente contra a ponto de proferir discurso de ódio. 
 
Quero aproveitar a oportunidade Deputado e dizer que até o dia 31 de janeiro eu ainda acreditava no seu partido e nas suas lideranças, até os defendia pela história de luta, especialmente na ditadura, mas como esse mundo é dinâmico, o tempo passou e eu percebi que os perseguidos de outrora se tornaram perseguidores, os combatentes da ditadura tornaram-se ditadores e das piores espécies possíveis, pois se utilizam do título de democratas para perseguir, achincalhar e porque não dizer torturar e destroçar aqueles que ousam a se opor a essa forma de fazer política.
 
Gostaria muito que além de me excluírem desse serviço de mala direta, uma vez que sei que não é o senhor que senta em frente ao computador para enviar essas mensagens que o senhor o respondesse a esse e-mail, ao menos assim eu saberia que o candidato no qual votei me dá um pouco de atenção após eleito, assim não me sentiria um eleitor tão descartável. Caso não responda, não tem problema, só vou confirmar que vocês pouco se lixam para o povo, mas por outro lado garanto que os praças da PM BA certamente terão acesso a esse e-mail porque todos eles partilham a mesma dor que eu, de ter sido traído pelo Partido que paradoxalmente se diz dos Trabalhadores, eles passarão a todos das suas listas para que assim esses praças que ajudaram a eleger Wagner e pessoas como o Senhor não cometam esse erro novamente.
 
Hoje acredito piamente no que Carl Marx dizia ao afirmar que o poder entorpece o homem, só lamento que esse poder tenha entorpecido pessoas nas quais eu cresci acreditando, alimentando um sonho de que poderiam representar a salvação desse país e desse estado tão mau tratados por pessoas que os antecederam nos espaços de poder. A política partidária me desiludiu muito, mas me deu muita força para lutar contra esses desmandos, mesmo que eu tenha que fazer uso dessa forma de fazer política que penso está equivocada e por isso abomino. Um dia eu acreditei na chamada ideologia partidária, especialmente no PT e em outros partidos de esquerda, partidos que hoje ocupam os espaços de poder na união e no estado e vejo que se embriagaram tanto com esse poder que esqueceram o povo, dos trabalhadores, dos operários que sustentam esse país, das suas histórias de luta e do contexto histórico nos quais foram forjados, esqueceram até que vivemos em um estado democrático de direito e lançaram mão das práticas mais sujas e vis, até piores que as da ditadura para humilharem os praças da Bahia. Vejo que em nada se diferem do PSDB e DEM ou de qualquer outro que eu criticava tanto e que pensava serem as piores coisas da política, hoje, vejo que só mudam as siglas e as pessoas, sei que em todos os partidos tem pessoas boas e é por isso que hoje não acredito mais nos partidos e sim nas pessoas.
 
Pode ter certeza deputado, o que eu puder fazer para diminuir o império do PT eu farei porque a democracia é diametralmente oposta à ditadura, não podem coexistir, são como água e óleo por mais que queiramos não podem ser misturadas, são coisas bipolarizadas.
 
Deputado gostaria de pontuar algumas coisas que vi na internet após a greve, cuja autoria das falas seria do senhor.
 
(Notícia)
 
Geraldo Simões diz que Wagner valoriza a PM
 
“O deputado federal Geraldo Simões fez pronunciamento nesta terça-feira (7) no Congresso Nacional, afirmando estar ao lado de todos os que defendem o bom senso e a negociação que ponha fim à paralisação da Polícia Militar na Bahia. Simões também manifestou sua estranheza pela disparidade da radicalização e violência da greve, defendida por apenas uma das várias associações dos PMs, em relação às reivindicações defendidas.

“Essa é uma greve altamente politizada, onde grevistas armados deixam a população sem o mínimo de serviços de segurança, e permitem que alguns, que se dizem grevistas, exerçam o papel de provocadores, prejudicando a toda uma categoria essencial para a população e para o Estado”, afirmou.

HORA DO DIÁLOGO

Os policiais militares defendem um salário base que chegaria a R$ 2.685, superior apenas em R$ 358 do oferecido pelo Governo do Estado, que é R$ 2.326,97. “Tenho certeza que um processo de negociação bem organizado e fundamentado, por uma categoria forte como é a Polícia Militar, em um tempo muito curto conseguiria vencer esta diferença, sem necessidade de violar a lei e apelar para a violência. Assim, aqueles que defenderam e defendem a greve violenta e ilegal, na verdade trabalham contra o conjunto da categoria”, afirmou o parlamentar.

Geraldo Simões destacou ainda que “o governador Jaques Wagner tem se manifestado aberto ao diálogo e às negociações, assim como o Governo Federal e como nosso Partido. Ele tem um passado de luta sindical. De luta contra o autoritarismo e a intransigência dos governos anteriores. No entanto, hoje temos que defender o conjunto da população, o interesse de todos e atender proporcionalmente aos interesses de cada categoria”.

“Apelo a todos integrantes da Polícia Militar para que exerçam o bom senso político e não aceitem provocações de nenhum tipo. Apelo às lideranças, que busquem os meios pacíficos de garantir as reivindicações e a melhoria constante das condições de trabalho para a categoria. Sei que nosso Governo, sob a condução do Governador Jaques Wagner, saberá vencer esta crise de maneira pacífica e reestabelecer a tranquilidade na Bahia, garantindo a paz”, finalizou o deputado federal petista.” 
 
(Crédito da notícia: Políticos do Sul da Bahia)
 
O senhor diz no primeiro parágrafo do texto que fomos díspares, radicais e violentos e que apenas a ASPRA defendia a greve e consequentemente os direitos dos praças. Quero dizer que todos esses adjetivos utilizados contra nós se aplicam muito mais ao governo que recebia todas as associações e não reconhecia a nossa, como foi veiculado. O senhor sabe por que não nos recebia deputado? Porque sabem que nós da ASPRA não nos curvávamos ao “deus” das negociações sindicais até porque nascemos de falta de cumprimento de um acordo firmado com ele em 2009 com uma outra associação.
 
O senhor diz no segundo parágrafo que a nossa greve foi armada o que é inverídico um vez que estávamos armados porque temos porte de arma e com a greve da policia nem nós estávamos seguros como iríamos deslocar desarmados, a Polícia Civil a Federal e outras fazem greve e ninguém recolhe suas armas, porque teriam que recolher as nossas pessoais? O senhor falta com a verdade mais uma vez quando aproveita a sua fala para descaracterizar o movimento e tentar reduzi-lo a questão pecuniária, o senhor e o governo sabem muito bem que não estávamos buscando aumento salarial, pois esse seria apenas a consequência do cumprimento da lei. O que estava em jogo não eram valores e sim a legalidade, o senhor não acha paradoxal ou um contrassenso sermos pagos para exigir do cidadão o cumprimento da lei uma vez que o Estado não cumpre as leis que ele cria? Diante disso como o senhor pode falar em violação da lei?
 
No terceiro parágrafo o senhor fala também da desnecessidade de violência, quando não usamos de violência, quem usou violência, física foram os Governos Federal e Estadual quando convocaram o Exército, Força Nacional e COTE?PF e ao invés de colocarem esse efetivo nas ruas para defender a população, usou-os para nos reprimir e nos oprimir ainda mais, para dar tiro de borracha no rosto dos nossos colegas, usaram também força psicológica quando o Ministro da Justiça foi para a TV disponibilizar vagas em presídios federais de segurança máxima para os pais de família, inclusive eu, marginalizando-me por lutar por nossos direitos coisa que faço todos os dias no meu labor. Digo mais deputado, lançaram mão até da violência financeira, porque sangraram os cofres públicos para mobilizar todo aquele efetivo, confesso que gostaria de saber quanto foi gasto.
 
A violência dessa vez que usou foram alguns oficias que como se tem notícia atirou em um manifestante em Feira de Santana, apontou arma para outro em Ilhéus, os aquartelados só queriam ser respeitados, ouvidos. Nós aprendemos nos curso de uso progressivo da força deputado a usar a força numa intensidade de gradação crescente para fazer com que o “fora da lei” se enquadre e tentamos por várias vezes sentar para negociar com o governo e temos isso documentado, mas para a ASPRA as portas estavam sempre fechadas, porque esse preconceito deputado com uma associação que só tem três anos? Nós temos como provar que tentamos o diálogo, mas não há nenhuma sinalização do governo no sentido de conversar conosco, por isso tivemos que usar a força necessária, para fazer o “fora da lei” se enquadrar, e essa força foi a greve e que não foi feita pela ASPRA que apenas deu início, mas foi feita pelo conjunto quase que total dos praças, o que mostra uma grande insatisfação e demanda reprimida dessa classe tão massacrada e tão sofrida.
 
Quanto aos meios pacíficos a que o senhor se refere, nos usamos todos, o primeiro foi a tentativa do diálogo com o governo que se fechou para a ASPRA, o segundo foi a justiça e há anos temos ações transitando na justiça e nada se resolve, se o senhor tiver outra sugestão, a não ser apelar para Deus ou para a greve o senhor nos passe assim terei a certeza de que nunca mais ocorrerá outra greve na Bahia, agora se o governo continuar achando que os praças são um bando de alienados que não precisam de dignidade para sobreviver… Podem ter certeza de que essa não foi a primeira e não será a última. E me parece que o governo não aprendeu, pois o governador foi para os meios de comunicação prometer a anistia e as GAPs quando não cumpriu mais uma vez com a sua palavra, pois existem vários policias presos ilegalmente na Bahia, Processos Administrativos e Inquéritos Policias Militares estão sendo abertos contra todos os praças que participaram do movimento.
 
Penso que os gestores deveriam ser mais inteligentes a aproveitar essa oportunidade para discutir segurança pública com seriedade ao invés de ficar desde já reprimindo os desejos dos praças e até retirando direitos, no caso dos aposentados, como foi feito na última votação relativa a GAP. Receio que com essas atitudes políticas equivocadas os senhores não estejam pensando na população porque lá na frente outro levante desse ou pior poderá acontecer, a associação dos oficiais ainda essa semana sinalizaram para isso. Veja que a história é cíclica, ela se repete lá em 2001 o seu partido financiou a greve, como foi noticiado e em 2012 eclodiu outra greve que foi gerada há dez anos, é hora de refletir deputado e pensar no povo ao menos uma vez e não apenas pensar no carnaval, ou copa do mundo ou olimpíada como está sendo feita nas políticas públicas de segurança em níveis estadual e federal, esses eventos passam e o que resta, somos nós, povo, os pobres mortais que de dois em dois anos temos que ir as urnas escolher os péssimos gestores, esse é só um conselho de um policial, mas que também é cidadão, mas como diz a sabedoria popular “conselho fosse bom não dava, vendia…”.
 
Senhor deputado que foi digno do meu voto tenha uma boa noite e aproveite bastante o tempo que lhe resta de mandado porque se depender o meu voto, de algum familiar ou de algum policial militar que se respeite o senhor não o terá. Reitero o meu pedido mais uma vez de que não se esqueça de excluir meu endereço de e-mail desse serviço de mala direta.  Por: Radar Notícias (Informações: Blog do Gusmão)

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