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sábado, 18 de fevereiro de 2012

POLITICA: Na Câmara, deputados traçam estratégia contra espiões

Autor de pedidos de convocação de 16 ministros da gestão Dilma Rousseff e de dezenas de requerimentos de informação exigindo explicações do governo, o deputado e delegado da Polícia Federal Francisco Francischini (PSDB-PR) blindou seu gabinete. Na sua sala de reuniões não entra nem mosquito. O parlamentar instalou isolamento acústico, com camadas de feltro entre as paredes, e colocou vidros na parte de cima da sala.Francischini ocupa até dois gabinetes. Ali funciona o bunker da oposição na Câmara, onde deputados se reúnem para discutir a estratégia de ação contra o governo.
"Aqui é o centro da fiscalização do governo. Sou um deputado visado pelos governistas. E esse gabinete era uma casquinha de ovo, muito frágil. O armário era a divisória com o gabinete ao lado. Vazava tudo", disse Francischini.
E o "inimigo" mora ao lado. O gabinete ao lado de Francischini é ocupado por um petista, deputado Zé Geraldo (PA). Todo cuidado é pouco, argumenta o parlamentar tucano.
"O Zé Geraldo é gente boa, mas é do PT e eu do PSDB. E estão de olho em mim ", disse Francischini.
Zé Geraldo, o petista do lado, ironiza a blindagem do gabinete de Francischini e disse que ele foi o único, no Anexo 3 da Cãmara - um dos setores da Casa - que adotou esses rigores e cautela.
"Não me preocupo. Ele toma esse cuidado todo para esconder alguma coisa? Acho desnecessário. O embate entre governo e oposição se dá publicamente. E não em espionagem de gabinete", disse Zé Geraldo.
Também da área de segurança, o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) foi outro que tomou seus cuidados e as suas providências. Ele faz varredura mensal em busca de escutas ilegais que podem ter sido instaladas no seu espaço de trabalho. E cercou de vidro a sala de reuniões no gabinete.
"Em razão do meu histórico de trabalho, tenho que tomar cuidados. Acho tudo muito vulnerável aqui. O sistema da Câmara não é 100% quando se trata de preservar a intimidade no gabinete. Ainda meti uma chave tetra na porta. Dificulta a violação da maçaneta", disse Protógenes.
O deputado disse que, desde que assumiu, em 2010, duas equipes da Polícia Federal já foram atrás dele no gabinete, para tratar de procedimentos administrativos que o parlamentar responde na PF.
"Nem podem fazer isso. Estou licenciado da Polícia Federal e não podem confundir minha vida de parlamentar com a de delegado. Se vierem atrás de mim de novo aqui na Câmara, dou voz de prisão".
A Câmara informou que 13 deputados fizeram adaptações no gabinete para instalar isolamento acústico. Mas não informou os nomes. Qualquer alteração física no gabinete, inclusive desse tipo, depende de autorização prévia da direção da Casa. A assessoria da Câmara argumentou que, como a instalação de isolamento acústico é despesa particular do deputado, não coberta pela cota do parlamentar, teria dificuldade em localizar esses nomes. O pedido do GLOBO foi feito com uma semana de antecedência.
Francischini e Protógenes sustentam que estão sendo monitorados e que estão prestes a descobrir os autores da perseguição. O deputado tucano disse que dados sigilosos seus circulam nas mãos de seus opositores. Ele afirmou ter o nome de quem o persegue e que em breve o divulgará:
"Recebi ameaças em casa, mas nada que me intimide. Incomoda o fato de envolver sua família", disse Francischini.
Protógenes foi na mesma linha.
"Já montei a ratoeira, mas daqui a pouco pego o rato", afirmou Protógenes. Da Agência O Globo

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