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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

INTELIGENTES: Universidade de Brasília aprova três adolescentes de 15 anos

Se dependesse apenas do resultado do vestibular, eles não precisariam cursar o segundo e o terceiro ano do ensino médio para ingressar na Universidade de Brasília (UnB). Sairiam direto do primeiro ano para o ensino superior. Na lista dos aprovados no processo seletivo da instituição, divulgada no dia 7 deste mês, a data de nascimento de três candidatos chamou a atenção. Elias Brito Oliveira, Victoria Webster Montenegro e Aline Lamounier Gonçalves nasceram em 1996. Com 15 anos, eles conquistaram uma vaga na universidade e mostraram que é possível concorrer com estudantes que tiveram dois anos a mais de formação.

“Digamos que eu era um dos desesperados”, definiu Elias ao lembrar como se sentia nos dois dias do vestibular. Apesar do comportamento e desespero típicos de candidatos estreantes, o estudante obteve a aprovação em computação. A mesma situação ocorreu com Victoria, que passou para biblioteconomia, e Aline, aprovada em enfermagem. Os três colegas são o reflexo de uma geração que enxerga nos desafios do presente a preparação para o futuro. E não esperam para pôr em prática e testar seus conhecimentos. Para isso, eles deixam de lado a opção de treineiro e escolhem fazer a prova como quem disputa uma vaga, mesmo sem terem visto todo o conteúdo.


Além do treino
Os três adolescentes não fizeram a inscrição por meio do sistema de treineiro porque queriam que a banca examinadora corrigisse a redação. Ainda assim, Elias não desconsidera a experiência da simulação do vestibular. “O fato de ser treineiro não faz você levar a prova menos a sério. Mas eu queria que corrigissem meu texto.” Para atingir a nota de corte e obter uma pontuação que não fosse muito abaixo à dos seus concorrentes, ele escolheu licenciatura de computação no horário noturno, cuja demanda foi de 6,67 candidatos por vaga. Foram 120 inscritos no sistema universal para 18 vagas.

Aline superou a nota de, pelo menos, outros 265 candidatos. O curso de enfermagem no câmpus Darcy Ribeiro teve 281 inscritos e uma demanda de 17,56 candidatos por vaga. Para ela, a experiência de prestar o vestibular trará frutos no futuro. “É bom conhecer o clima antes e durante a prova. A vantagem de fazer o vestibular como treineiro é não ter a pressão de ser aprovado, você vai mais confiante depois”, avalia. A jovem conta que obteve nota para ser aprovada no vestibular do ano passado, mas, como foi treineira, não teve a redação corrigida. Victoria completa o trio: conquistou uma das 16 vagas de biblioteconomia neste ano. A demanda de 6,56 inscritos por vaga foi um incentivo para que ela optasse pelo sistema universal. “Queria treinar a redação. Por enquanto, que não estou no terceiro ano, é bom testar a escrita.”

A mãe de Elias, Elvira Nogueira, acredita que antecipar a participação dos alunos nessas seleções ajuda a desmistificar o processo. Como pedagoga, ela percebe uma cultura voltada para o vestibular, em que o desafio ganha outra dimensão na visão do estudante. “A pessoa encara diferente depois da primeira prova”, atenta. O pai do jovem, Carlos Henrique Oliveira, foi um grande incentivador: “É bom porque ele vai treinando para ver como é o vestibular, passar cinco horas sentado fazendo uma prova”.

Para Elias, a seleção foi a oportunidade de conhecer o estilo do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) da UnB e se adaptar à duração da prova. “A primeira parte, você faz tranquilo, mas vai passando o tempo e bate um desespero de muitos itens estarem faltando. Mas, como eu não ia fazer todos porque não sabia mesmo, mantive a calma.” O estudante, que não esperava ser aprovado, aprendeu uma lição: “O Cespe não faz uma seleção para ver quem sabe mais conteúdo. Eles fazem de acordo com o que a UnB quer, para selecionar alunos com visão interdisciplinar e artística”.

Estudos
Diferentemente do que possa parecer, o jovem não se enquadra no estilo nerd. Questionado se gosta de ler, Elias não pensa duas vezes e responde: “Não”. Na sua opinião, a leitura e a escrita são atividades nada atrativas — muito menos, acrescenta a mãe dele, a organização. “Dizem que quando a pessoa é desorganizada, a mente funciona bem. E ele é bem desorganizado”, provoca.

Para Elias, o segredo é ouvir o que o professor tem a ensinar em sala de aula. Os exercícios de casa raramente são prioridade. Tanto que ele reconhece que poderia ter se dedicado mais ao Programa de Avaliação Seriada (PAS). Os planos de criar uma rotina de estudos fora da escola ficaram para este ano. “Nestas primeiras duas semanas, estou tentando fazer todos os deveres para conseguir manter um ritmo de estudos. Mas acho que não vai durar três meses”, confessa.

Já Victoria adota outra postura. “Eu reviso as matérias aprendidas no colégio assim que chego em casa. Gosto muito da área de humanas e adoro biologia.” Como estava focada na realização do PAS, a estudante diz não ter criado uma rotina especial para o vestibular. Assim como ocorreu com os outros, a aprovação foi uma surpresa.

Aline e Victoria estão determinadas a tentar uma vaga no curso de direito da UnB. Enquanto Aline tem como prioridade o curso de medicina na Escola Superior de Ciências da Saúde da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Escs/Fepecs), Elias não sabe o que vai fazer quando terminar o ensino médio. Provavelmente, será um curso da área de exatas. “Até o último dia da inscrição, eu posso decidir.” Ele tem três vestibulares pela frente para pensar nisso, afinal a intenção é prestar todos os exames até concluir o ensino médio. Mesmo não se considerando um exemplo, o jovem alerta: “Conselho todo mundo dá, então o meu é de que o estudante preste atenção na aula”. Do Correio Braziliense

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