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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Greves das PMs opõem governos do PMDB e do PT

Greves das PMs opõem governos do PMDB e do PT
Marco Damiani _247 – Cada um fez de um jeito. Expressão altiva do PT, o governador Jaques Wagner, dos janelões do Palácio de Ondina, uma das confortáveis sedes do governo da Bahia, praticamente ficou só olhando. Quadro nacional do PMDB, o governador Sergio Cabral, com a vantagem de ter em mãos as notícias da carnificina em Salvador e adjacências, agiu. Os resultados, em razão da postura de um e de outro, foram em tudo diferentes. Neste domingo 12, quando, finalmente, onze dias depois de iniciada a greve da Polícia Militar da Bahia terminou, Wagner soma em sua conta corrente política o depósito de 109 cadáveres. “Tiro na cabeça predomina em mortes em Salvador”, publica hoje, em manchete, o jornal Folha de S. Paulo. Cabral, por outro lado, pode acompanhar nesta mesma manhã, de seu apartamento no Leblon, a passagem de blocos carnavalescos pela orla da praia, monitorados de perto por viaturas da Polícia Militar, tecnicamente, ao menos, em greve desde a meia-noite da sexta-feira 10.
Na Bahia, tudo o que ensinam os manuais de boa governança, especialmente nos capítulos sobre como lidar com situações potencialmente explosivas, foi ignorado. A armação da greve dos policiais militares, que não era segredo nem para os coqueiros da praia de Piatã, mereceu do governador desdém e pouco caso. Não houve negociações preliminares, de um lado, em relação às reivindicações trabalhistas, e muito menos um plano alternativo, por outro, para o caso de a paralisação anunciada alcançar o sucesso de mobilização que, de fato, alcançou. A fama de Jaques Wagner ser um político bem mais afeito a longas conversas de avaliação de conjuntura, regadas a um bom uisquinho, do que apegado às tarefas cotidianas de trabalho se justificou. Com a greve a pleno, e quase 60 assassinatos apenas na primeira madrugada da ausência completa de policiamento no Estado, Wagner chamou o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardoso, para pedir um efetivo de 150 homens do Exército e da Força Nacional. Pouco depois, ao ver que o arremedo de ajuda era insuficiente, pediu mais, pulando para a casa do milhar e revelando, no improviso dos cálculos, que mal sabia o que fazer para reestabelecer a ordem. O que se viu a seguir foi a continuação do show de incompetência oficial, sem nenhum canal de negociação aberto e a continuação da onda de crimes em toda a Bahia.
No Rio foi diferente. A questão Polícia Militar vem sendo tratada como assunto estratégico desde o início da gestão Cabral, como se observa pela instalação das já famosas UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora – nas grandes favelas da capital fluminense. No final do ano passado, porém, uma intervenção radical ocorreu na corporação, com a nomeação do coronel Erir Ribeiro Costa Filho para o seu comando. Em suas primeiras vinte e quatro horas no cargo, ele trocou as chefias de todos, sem exceção, batalhões e setores estratégicos da PM. Quadros da ativa foram aposentados precocemente e novos policiais subiram na carreira. Sob a coordenação do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, criou-se uma mesa permanente para discussões de políticas salarial e de benefícios para a tropa. Ali desenhou-se uma proposta de reajustes que, se não foi de agrado da assembleia que determinou a entrada em greve da PM, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e dos Agentes Penitenciários, ao menos tinha o mérito de ser completa e detalhada, com índices de aumento, antecipações e escalonamentos. Uma vez com a greve em curso, ao contrário da pasmaceira que se via no governo da Bahia, no Rio o Estado baixou seu pesado braço repressões, ordenando prisões entre os grevistas e mais de duas centenas de indiciamentos por quebra de disciplina. À estratégia de aquartelamento, os comandos responderam com ordem expressas de botar a tropa na rua, estabelecendo desde a primeira hora um clima de que a greve, na prática, fracassara.
O governador Jaques Wagner bem poderia mirar para a postura de seu colega Sergio Cabral para ver o que poderia ter sido feito. Agora, porém, é tarde. Enquanto um pode ver o carnaval passar, o outro conta cadáveres entre o seu povo.

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