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domingo, 23 de outubro de 2011

MUNDO: Líbios visitam o corpo de Kadhafi para ter certeza de que o ditador morreu

Imagem: Philippe Desmazes/AFP

Os líbios querem ter certeza que seu "inimigo" está morto e, por este motivo, centenas de homens e mulheres procedentes de Misrata e de outras regiões fazem fila para ver o corpo do ex-dirigente Muamar Kadhafi, capturado e morto na quinta-feira.
Já na sexta-feira, dia da tradicional oração, milhares de pessoas desfilaram pelo que os líbios conhecem como "mercado tunisiano" de Misrata, um local em que, nos tempos de paz, eram vendidos todos os tipos de produtos.
Ali, em meio ao cheiro de carne podre, procedente dos restos de frango que se decompõem numa lixeira, se encontra o sinistro frigorífico onde foi colocado o corpo do ex-dirigente.

O espetáculo é sombrio: em uma atmosfera glacial, sobre o chão metálico, estão os corpos rígidos e amarelados, com manchas de sangue seca, de Kadhafi e de seu filho Muatassim, que repousam um do lado do outro acomodados em colchões sujos, recobertos com mantas coloridas que escondem suas supostas mutilações.
Apenas suas cabeças estão visíveis, o resto do corpo está coberto. Muatassim tem os olhos e a boca abertos, seu pais os tem fechados.
Os curiosos chegam de todas as partes de Misrata, e também de Trípoli, Zliten (oeste), etc. Alguns representantes das novas autoridades também apareceram na sexta-feira, como o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Jibril, e neste sábado era esperada a visita d chefe do conselho militar de Trípoli, Abdelhakim Belhadj.

Centenas de pessoas fazem fila ante as portas do mercado, que são abertas em intervalos de tempo para deixar os visitantes entrar a conta-gotas.
Sadik, que não quer dar o sobrenome, tem 60 anos. Tinha 18 quando o ditador assumiu o poder, em 1969. "Toda minha vida de adulto vivi com esse sujeito sujo, este (...) - Sadik lança uma série de insultos impublicáveis -, mas agora ele morreu e eu estou feliz", acrescenta, sorrindo.
Em meio aos edifícios de concreto do mercado, se forma uma nova fila ante o frigorífico. Apenas quatro a cinco pessoas são admitidas em seu interior por vez. Os guardas pedem para que tirem fotos rápido e deem lugar para as outras pessoas. Alguns posam para a foto junto aos corpos, outros observam em silêncio.

Mustafá Araibi, de 40 anos, sai do frigorífico com cinco crianças de idades variadas entre os 6 e 12 anos. São seus filhos e sobrinhos. "Fiquei emocionado quando deram a notícia. As pessoas diziam que Kadhafi havia morrido, mas eu não acredite até que vi", conta.
Seu filho Ezedin, de 12 anos, se faz de corajoso. "Tive vontade de bater no Kadhafi, mas não me deixaram fazer isso. Não tive medo, fiquei contente em ver ele".
Seu irmão mais novo, Mohamed, de 6 anos, admite em voz baixa que sentiu medo, mas está contente porque "a guerra acabou".

Ibrahim Mujtar Abddulah, de 42 anos, deixa o lugar tirando a máscara entregue pelos guardas. "Vim para ver se meu inimigo morreu e para ter certeza disso. Há 42 anos vivia num mar de mentiras. Queria ter certeza".
Na quinta-feira, quando foi anunciada a morte de Kadhafi, ele diz que ficou alegre. "Eu me recordo do que ele nos fez. Vi muitos jovens mortos. Os Kadhafi nos assassinaram, bombardearam nossas cidades".
As autoridades de Misrata desejam enterrar Kadhafi num lugar secreto, para evitar que, no futuro, vire um lugar de peregrinação dos seguidores do ditador.Da AFP-Paris

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